Histórico inflacionário fez emergentes serem mais precisos na política de juros, diz Guillen

Diogo Guillen, diretor do BC, diz que experiência ajudou emergentes a entenderem melhor o cenário inflacionário

Os anos de inflação galopante do Brasil e em muitos países em desenvolvimento é um dos fatores que contribuiu para uma política monetária mais assertiva em economias emergentes. Enquanto países desenvolvidos, com destaque para a zona do euro e os Estados Unidos, acabaram de pausar as altas nos juros, países como o Brasil já reduzem suas taxas.

A percepção foi expressa por Diogo Guillen, diretor de política econômica do Banco Central do Brasil, durante o Itaú BBA Macro Vision 2023. “A expectativa de inflação faz com que você se mexa mais rápido. Você é instado a atuar. Já nos desenvolvidos, é comum demorar um pouco mais”, disse o diretor do BC.

Emergentes entenderam fôlego da inflação

Mas ele adverte que esse não foi o único mérito dos emergentes. Guillen diz que houve “interpretação distinta dos fatos” entre os bancos centrais desenvolvidos e os emergentes.

A distinção sobre o entendimento se a inflação era temporária ou não, dessa maneira, é outro fator que ajuda a explicar essa reação assertiva, com os emergentes entendendo que a alta dos preços não era um movimento apenas pontual.

O tempo mostrou que as autoridades de países de economia em crescimento estavam mais próximas do cenário real.

Reação imediata permite queda hoje

Entre os bancos centrais emergentes, o do Brasil foi um dos primeiros a subir taxa de juros porque, segundo Mario Mesquita, Economista-Chefe do Itaú Unibanco, que mediou o painel, o BC “não comprou a ideia de inflação temporária”.

Mesquita destacou também que a entrada antes do que outros bancos centrais no ciclo de alta da taxa de juros permitiu ao Brasil hoje viver uma fase de corte, à frente das economias desenvolvidas e da maioria dos emergentes.