IF entrevista Danilo Costa, fundador do Educbank: Prêmio de inovação do SXSW 2023

Danilo Costa, de 35 anos, é um nome relativamente novo no mundo das startups. Aos poucos, no entanto, ele vem ganhando reconhecimento global

Danilo Costa, de 35 anos, é um nome relativamente novo no mundo das startups. Aos poucos, no entanto, ele vem ganhando reconhecimento neste mercado. Na noite de segunda-feira (13), ele deu mais um passo nesta direção, ao ser premiado pelo trabalho de sua startup Educbank, na 24ª edição do SXSW Innovation Awards.

A premiação é um dos pontos altos do festival de inovação South by Southwest (SXSW), que acontece em Austin, no Texas (EUA), até 19 de março. Empresas que conquistam este reconhecimento costumam entrar no radar dos grandes investidores. Algo que não é totalmente novo para Danilo.

Primeiros passos

Aos 27 anos, ele trocou uma carreira no mercado financeiro para empreender seu primeiro negócio. Fundou, então, a Vereda, escola particular de ensino integral voltada para o público de baixa renda. Em janeiro de 2020, Danilo vendeu a escola para um grande grupo de ensino. Com o dinheiro da venda, fundou o Educbank, uma plataforma de crédito e soluções financeiras e educacionais para escolas privadas.

No ano passado, o Educbank captou R$ 200 milhões, numa das maiores rodadas Série A da América Latina, sendo liderada pela Vasta (Nasdaq: VSTA) e acompanhada pelo fundo Marrakech Capital. Com o aporte, a companhia estima transacionar mais de R$ 1 bilhão em financiamento escolar ao longo de 2023.

Com o prêmio do SXSW, Danilo incorpora ao seu currículo de empreendedor mais um importante reconhecimento. Ele já foi nomeado embaixador para empreendedorismo social e inovação da London School of Economics (LSE) no Brasil. E, no ano passado, entrou na lista Innovators Under 35, seleção feita pelo MIT Technology Review, publicação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, nos EUA), um dos mais respeitados centros de pesquisa e ensino do mundo.

A Inteligência Financeira conversou com Danilo Costa, nesta terça-feira (14), no SXSW.

Confira trechos editados da entrevista.

Da Vereda Educação ao Educbank, como tudo começou?

“Em 2016 eu decidi empreender uma nova ideia, uma escola privada de tempo integral e de baixo custo, acessível para famílias de baixa renda. Uma escola onde a criança tinha café da manhã, aula de inglês todos os dias e uma excelente infraestrutura. Comecei em São Bernardo, no ABC, e depois abrimos uma escola no bairro da Mooca, em São Paulo. Em janeiro de 2020, vendi a escola, que se chamava Vereda Educação.

Com o dinheiro, decidi investir em um negócio que pudesse resolver um problema que eu tinha quando era dono da escola. No Brasil, as escolas privadas não tem acesso à capital. E este é um dos fatores que impede a educação do nosso país de prosperar. Há uma dinâmica de inadimplência cruel no setor privado de educação.

A família ou o próprio aluno da escola privada pode se endividar e quando isso vira atraso na mensalidade, desestabiliza a escola. Isso faz com que a escola tenha uma necessidade de capital de giro muito grande. Ela passa a ter de financiar o próprio cliente, já que não pode expulsar o aluno com mensalidade em atraso. Historicamente, as escolas repassam, no reajuste de preço da mensalidade, o custo (rateado) da inadimplência para sua base de clientes. Essa dinâmica tornou o preço da escola privada inacessível para um grande número de pessoas. Por isso, fundei o Educbank.”

O que é o Educbank?

“O Educbank é a primeira plataforma de acesso à capital para as escolas privadas de 0 a 17 anos no Brasil. O que oferecemos é linha de crédito para capital de giro. Também oferecemos tecnologias para melhorar a gestão financeira da escola. Para conseguir o crédito a escola passa por uma análise que verifica uma série de informações. Tentamos não deixar nenhuma escola para trás.”

De onde vem o capital da startup?

“O Educbank começou com capital próprio. Depois, vieram os investidores institucionais. E, no ano passado, a gente captou uma das maiores rodadas série A da história da América Latina. Foram R$ 200 milhões, numa rodada liderada pela Vasta Platform e acompanhada pelo fundo Marrakech Capital.”

O que é o produto de crédito do Educbank?

“É um meio de pagamento que captura a sazonalidade da escola e a demanda por capital de giro, com base nos dados operacionais dela. Assim com o QuintoAndar (startup do mercado imobiliário) assegura ao dono do imóvel administrado pelo QuintoAndar que ele receba os valores da locação em dia, mesmo quando o inquilino não paga aluguel ou atrasa o pagamento, o Educbank garante à escola o capital de giro no caso da inadimplência do aluno.

Você acredita que vai aliviar uma dor do dono de escola?

O gestor educacional no Brasil passa mais de 50% do seu tempo focado em atividades financeiras, como cobrança e gestão do capital de giro, e de olho na inadimplência. Isso quando deveria estar focado na melhoria da educação. O Educbank quer ajudar a tirar esse peso das costas do gestor escolar. Já estive do outro lado balcão, já fui dono de escola, sei que a gestão financeira é uma dor.”

A solução da startup traz alguma melhoria para o estudante?

“Ao tratar do problema do capital de giro e da inadimplência escolar, quebramos o ciclo que onera as famílias dos estudantes. Como disse, historicamente as escolas repassam, no reajuste de preço da mensalidade, o custo da inadimplência para as famílias. Ao quebrar essa dinâmica, é possível ampliar o acesso à educação de qualidade para uma parcela maior da população. Hoje, somente 8% da população brasileira tem acesso a uma boa escola, uma ‘escola padrão Fifa’, capaz de se equiparar às boas escolas de outros países. Esse percentual poderia perfeitamente ser o dobro. É isso que estamos perseguindo.”