Empresas do mercado interno despencam com medo de descontrole da economia; Ibovespa cai 3,4%

Saída de membros da equipe econômica, na quinta (21), aumentou a tensão no mercado financeiro

Ministro da Economia, apelidado de "Posto Ipiranga" durante a campanha de 2018, começa a figurar em propagandas do presidente às vésperas da eleição. Foto: Agência Brasil
Ministro da Economia, apelidado de "Posto Ipiranga" durante a campanha de 2018, começa a figurar em propagandas do presidente às vésperas da eleição. Foto: Agência Brasil

As empresas que dependem do mercado consumidor brasileiro – como o grupo de moda Soma, dono da Hering e da Farm, e a operadora de estradas EcoRodovia – são as que mais caem nesta sexta-feira (22) na Bolsa de Valores. A decisão do governo Jair Bolsonaro de ignorar o teto de gastos para implementar o Auxílio Brasil mirando na eleição de 2022 assusta os investidores. Com medo de um descontrole na economia, muitos estão vendendo suas ações na B3 – o que derruba os preços – e preferindo deixar o dinheiro parado na conta para correr menos riscos. Outros têm comprado dólares ou ativos em países considerados mais seguros, o que explica a disparada da cotação da moeda americana.

Às 12h23, o Ibovespa, principal índice acionários do país, recuava 4,2%, para 103.307 pontos. As ações do Soma perdiam 10,6%, vendidas a R$ 13,46, e as da EcoRodovias caíam 9,8%, para R$ 8. O dólar comercial avançava 1,46%, vendido a R$ 5,75, enquanto o turismo subia 1,2%, para R$ 5,65.

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As vésperas de final de semana costumam mesmo ser de um pouco mais de cautela, porque, se sair alguma notícia de impacto no sábado ou no domingo, quando o mercado está fechado, não vai ser possível mexer nas aplicações. Desta vez, o cuidado está sendo redobrado.

Desde o início da semana, as discussões sobre a fonte de financiamento do Auxílio vêm elevando a tensão. Mas a saída de quatro integrantes da equipe de Paulo Guedes na quinta-feira (21) ligou a luz vermelha no mercado. Secretários do Tesouro Nacional deixaram o ministério da Economia na noite de quinta (21) alegando razões pessoais. As baixas já eram previstas dado o caminho que a discussão sobre o benefício tomou nos últimos dias.

Para financiar a parcela mínima de R$ 400 do Auxílio Brasil, o governo inseriu na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios —que adia o pagamento de dívidas do governo que resultam de decisões judiciais definitivas— alterações na forma como o teto de gastos é corrigido pela inflação. Atualmente, o teto é corrigido pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de julho a junho. A mudança faria com que a correção fosse feita de janeiro a dezembro, o que daria ao Orçamento de 2022 um adicional de mais de R$ 39 bilhões. Aprovada em votação na quinta _a noite (21), a PEC deve adicionar, ao todo (com a mudança nos precatórios e na correção do teto), R$ 83 bilhões no Orçamento de 2022, diz o relator da proposta, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).

A manobra fiscal foi alvo de críticas de especialistas em contas públicas e chamada de contabilidade criativa. Por mais que o governo não fure o teto no final das contas, os gastos da União vão subir e era justamente isso que o teto de gastos visava a barrar.

Com reportagem de Júlia Moura

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