Um círculo virtuoso: saneamento e seus investimentos
Muitas vezes toda a infraestrutura que permite nossa vida em sociedade com qualidade passa despercebida no dia-a-dia. Infraestrutura composta, de modo geral, por saneamento básico, saúde, energia e gestão de resíduos.
Assim, dentre essas atividades o saneamento se destaca como sendo uma base importante para permitir o desenvolvimento saudável e responsável de uma população, proporcionando significativas externalidades positivas para a sociedade e para o meio ambiente.
Saneamento e o Brasil
Então, quais os benefícios e desafios do saneamento básico no Brasil? Investidores podem ter retornos de mercado investido em empresas atuantes nesse setor? Quais os principais instrumentos e oportunidades nesse sentido?
Dessa forma, o saneamento é uma questão fundamental para a qualidade de vida e saúde pública em todo o mundo.
Abrangendo atividades como tratamento e distribuição de água potável, coleta e tratamento de esgoto, o saneamento transcende questões meramente sanitárias, abrangendo também dimensões econômicas, sociais e ambientais.
Assim, a existência de um sistema de saneamento eficiente contribui significativamente com a prevenção de doenças e menor degradação ambiental.
Estudos indicam que cada real investido em saneamento pode proporcionar até R$ 29 em benefícios sociais como saúde, qualidade de vida e melhores condições socioeconômicas.
Cobertura de esgoto e resíduos
Porém, atualmente o Brasil conta com cobertura de esgoto e resíduos sólidos apenas para pouco mais de metade de sua população.
Com relação ao abastecimento de água, o atendimento chega a aproximadamente 80% da população.
Temos assim uma oportunidade para aumentarmos a capacidade de atendimento do sistema de saneamento básico brasileiro através de investimentos.
Saneamento e investimento
Nesse sentido, o novo marco do saneamento aprovado em 2022 contribuiu para um ambiente regulatório estruturado para o investimento privado no setor, destravando investimentos que somam aproximadamente R$ 55 bilhões e que beneficiarão cerca de 30 milhões de pessoas.
Mas a jornada pela frente para atingirmos a universalização do saneamento básico no país é longa.
O Brasil ainda registra grandes desigualdades regionais no acesso ao saneamento, principalmente nas regiões norte e nordeste em comparação ao sudeste.
Mas a evolução no ambiente regulatório tem atraído cada vez mais investidores atentos a essas oportunidades.
Com retornos de mercado, os títulos de renda fixa utilizados para levantar os recursos necessários para as empresas do setor possuem taxas de retorno atraentes, além da geração de externalidades positivas para a sociedade e o meio ambiente.
Nesse contexto, vemos o crescimento das emissões de títulos verdes e climáticos relacionados ao setor e uma demanda crescente por eles por parte de investidores individuais e institucionais.
Dessa maneira, a criação de veículos de investimento dedicados a essa temática têm apresentado crescimento e impulsionado a certificação verde de emissões.
Assim sendo um elo importante entre o investimento e a prática.
Retorno atraente ao investidor
Fundos dedicados ao tema investimento de impacto e à geração de externalidades socioambientais positivas demonstram, de forma prática, a capacidade de conciliar a geração de externalidades positivas com retornos atraentes aos investidores.
Então, podemos concluir que o desafio na universalização do saneamento básico no Brasil é relevante, porém conta com uma recente evolução positiva do ponto de vista regulatório e de mercado.
A popularização de títulos verdes e climáticos e o crescimento de veículos de investimento dedicados ao tema tem o potencial de impulsionar o investimento privado no setor, contribuindo diretamente com o avanço na universalização do saneamento no país.
Assim, o desafio também se traduz em uma maior necessidade de educação dos investidores sobre o tema.
Especialmente esclarecendo que títulos verdes e fundos temáticos são capazes de apresentar retornos acima do mercado ao mesmo tempo em que entregam benefícios para a sociedade e para o meio ambiente.
Com a colaboração de Alexandre de Moura Campos Gazzotti, senior ESG analist