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Três perguntas pelo WhatsApp: e depois que o burnout se manifesta? O que é possível fazer?
O psiquiatra Daniel Martins de Barros confirma que a percepção do repórter está correta. Há números sobre burnout para todos os gostos.
A Inteligência Financeira estreia neste domingo (17) uma nova sessão. Assim, a ideia é publicar periodicamente o resultado de uma conversa travada com a fonte por WhatsApp.
Algo habitual no nosso dia a dia.
Assim, o papo por meio do aplicativo de troca de mensagens pretende ser rápido, veloz. Mas há um desafio: ser preciso nas perguntas para que a conversa não seja rasa. E possa ajudar o leitor.
Então, os temas serão tão abertos quanto o é o nosso cotidiano.
Dessa maneira, a ideia é falar sobre comportamento, saúde, cultura e a respeito dos temas que a Inteligência Financeira acompanha todos os dias, Negócios, finanças e economia estão na pauta.
Uma conversa sobre burnout
O primeiro convidado é Daniel Martins de Barros. Ele é psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. É também autor de livros. É dele o ‘Lado bom do lado ruim’, de 2020. E ‘Viver é melhor sem ter que ser melhor’, do ano passado.
Mandei o convite para ele participar, obviamente por WhatsApp, no fim da tarde de segunda-feira (11). A proposta foi enviada às 18h42.
A resposta veio apenas três minutos depois.
Então, as perguntas foram enviadas ao psiquiatra quase às 20h da mesma segunda. As respostas chegaram na manhã da terça-feira (12). Assim, confira como foi a conversa abaixo.
Abaixo seguem as perguntas sobre burnout
Segunda-feira, 11 de novembro
1) Muito se fala sobre o que é o burnout e como evitá-lo. Mas vejo pouca discussão sobre o que fazer uma vez que a síndrome se manifesta. Então, essa é a primeira pergunta: o que fazer uma vez que o burnout se manifesta?
2) Existem números precisos ou estimativas sobre quantas pessoas a síndrome afeta no Brasil?
3) O burnout sempre existiu e apenas mais recentemente a Organização Mundial da Saúde deu um nome pra isso ou é um fenômeno mais recente dada a dinâmica atual da vida moderna e das dinâmicas de trabalho nem sempre saudáveis? (19h58)
Terça-feira, 12 de novembro
1) Burnout não é uma doença, mas uma condição situacional ligada ao trabalho, especificamente ao estresse que não está sendo gerenciado de forma adequada. A principal medida a ser tomada, portanto, é identificar minuciosamente o que está gerando esse estresse para tentar abordar a situação. Dizer que o trabalho é estresssante não traz muita informação, é preciso detalhar quais os pontos: é a jornada, o horário, pressão por resultado, assédio, má comunicação? Só a partir disso será possível gerenciar melhor o que não vem sendo gerenciado.
2) Existem números para todos os gostos porque os instrumentos utilizados para estabelecer se há ou não burnout são muito heterogêneos. Além disso, os critérios são geralmente muito abertos. Muitas pessoas respondem sim a perguntas como “você se sente esgotado?”. E partir daí afirma-se que essa pessoa tem sintomas de burnout. Isso torna muito pouco confiáveis os números de prevalência.
3) Diante de situações de estresse contínuas, em qualquer contexto, o ser humano irá se sentir progressivamente abalado, com esgotamento de suas energias, impacto emocional negativo, afastamento das pessoas, perda de prazer. Isso pode acontecer nas relações interpessoais, nos casamentos, com os vizinhos, com a política, relações parentais. Burnout é apenas o nome que se dá para essa mesma reação quando o contexto é o trabalho, mas fisiologica e emocionalmente não é diferente de outras situações. Tudo isso para dizer que certamente não é um fenômeno atual, talvez só estejamos mais atentos e preocupados, a ponto de darmos nomes diferentes para o mesmo fenômeno dependendo de onde ele ocorre. (9h42).
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