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Por que ainda não chegou a hora de o Fed cortar os juros nos Estados Unidos?
Sem brechas para surpresas, o Fed (Federal Reserve) deve prolongar nesta quarta-feira (20) o aperto monetário nos Estados Unidos. A nova decisão de juros do banco central americano será anunciada às 15h.
Pelo consenso do mercado financeiro, a taxa permanecerá no intervalo de 5,25% a 5,50% pela quinta reunião seguida. Ou seja, seguirá por mais 45 dias no maior patamar desde 2001.
Mas por que os juros americanos ficarão estacionados? Quando o BC estadunidense pretende derrubar as taxas? E mais: o que Jerome Powell, presidente do Fed, deve sinalizar na coletiva marcada para 15h30?
Veja a seguir o que esperar.
Flexibilização adiada
“Os dados de atividade e inflação mais fortes colocaram dúvidas sobre a desaceleração e desinflação, mas avaliamos que estes em parte refletem distorções de sazonalidade residual, que tendem a ser temporárias”, avalia o Itaú Unibanco.
“(Contudo) esses dados mais fortes, que levaram o Fed a adotar um tom mais cauteloso, indicam primeiro corte em junho (a expectativa anterior era em maio), ritmo gradual (três cortes em 2024 contra quatro anteriormente; e três em 2025) e taxa terminal mais alta de 3,75%-4,00% (ante 3,50%-3,75%)”, aponta o banco em relatório.
Nada de pressa
“Nos Estados Unidos, os dados de fevereiro sugerem que o Fed não precisa ter pressa para iniciar o ciclo de corte de juros. A inflação ao consumidor seguiu pressionada em fevereiro, acelerando na margem. Grande parte dessa dinâmica pode ser atribuída às maiores pressões em energia e combustíveis, mas o núcleo avançou 0,4%, superando as expectativas e mantendo o mesmo ritmo do mês anterior”, comenta o Bradesco.
“Já as vendas no varejo aceleraram em fevereiro, revertendo a queda do mês anterior, com crescimento generalizado. Ao longo do ano passado, o consumo das famílias impulsionou o PIB e o resultado do varejo, somado ao dinamismo do mercado de trabalho, segue sugerindo um bom desempenho da atividade econômica no início do ano”, continua o banco em relatório.
“Além disso, a inflação ainda pressionada e acima da meta de 2,0% reforça a adoção de cautela do Fed na condução da política monetária. Nossa expectativa é que o primeiro corte de 0,25 ponto percentual deve ocorrer apenas em junho”, completa a instituição.
Cautela
“Acreditamos que o Fed adotará uma postura ainda mais cautelosa na decisão de política monetária. O presidente da instituição, Jerome Powell, deve reforçar o discurso de que é necessário mais confiança na trajetória de preços antes de cortar juros. É provável que os dots mostrem menos de 3 cortes nos juros até o fim do ano”, comenta a equipe econômica do C6 Bank
“Em nossa visão, o ritmo de desaceleração da inflação visto até agora é insuficiente para um corte de juros nos próximos meses. Acreditamos que o início do ciclo de cortes pode ocorrer no segundo semestre deste ano, mas a possibilidade de não haver cortes em 2024, caso a inflação continue persistente, está aumentando”, alerta o banco.
Sinalizações
“As atenções estiveram voltadas (na semana passada) para os dados de inflação da economia americana, com a divulgação da inflação ao consumidor e produtor. Ambas vieram acima do esperado, colocando dúvidas sobre os próximos passos da política monetária”, considera o Inter.
“Hoje, o consenso é de início de cortes apenas em junho e há grande expectativa para a divulgação das projeções dos membros do comitê de política monetária. Na última divulgação, eles projetavam 3 cortes de juros em 2024. Hoje, o mercado de renda fixa americano precifica o cenário base de apenas 2 cortes”, avalia o banco.
Ciclo lento
“Essa taxa mais alta e mantida assim por mais tempo é justificada, principalmente, pela inflação que vem trazendo números maiores do que a meta do governo americano, que é de 2% ao ano”, diz Isabela Bessa, economista especialista em investimentos offshore da Warren Investimentos.
“As taxas americanas podem parecer baixas para os brasileiros, mas quando a gente olha o histórico dos EUA vemos que essas são taxas altas. O mercado entende que vamos começar um ciclo lento de cortes a partir de junho ou julho de 2024”, aponta a economista.
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