No questionário pré-Copom, BC quer saber impacto da reoneração de combustíveis na inflação

Banco Central terá dificuldade de cortar juros ao olhar para a inflação, diz economista-chefe da Novus

Sede do BC: uma de suas funções é ser o “banco dos bancos" - Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Sede do BC: uma de suas funções é ser o “banco dos bancos" - Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Em seu questionário pré-reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado nesta sexta-feira, o Banco Central (BC) passou a medir a impacto da reversão de medidas tributárias implementadas no ano passado “incluindo as reonerações já em vigor e eventuais novas reonerações”. No documento anterior, de janeiro, a autoridade monetária falava em “eventual reversão das medidas”.

“Qual o impacto sobre o IPCA 2023 da reversão das medidas tributárias implementadas em 2022, incluindo as reonerações já em vigor e eventuais novas reonerações? Quanto desse impacto estimado já está incorporado nas suas projeções? Entre as medidas de interesse estão a LC 194/2022, a LC 192/2022, a lei 14.385/2022 e a EC 123/2022”, questionou o BC.

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BC pede estimativa do balanço de pagamentos e crédito

No início deste mês, o governo determinou por medida provisória a reoneração de R$ 0,47 do PIS/Cofins sobre a gasolina e de R$ 0,02 sobre etanol, que é parcial, já que antes da desoneração realizada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), incidia sobre a gasolina o valor de R$ 0,69 e de R$ 0,24 sobre o etanol.

O documento foi enviado a analistas do mercado nesta sexta-feira. As respostas são analisadas antes da reunião do comitê sobre a taxa básica de juros (Selic) e influenciam na decisão.

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Em relação ao documento de janeiro, o BC retirou projeções para o mercado de trabalho e voltou a pedir estimativas do balanço de pagamentos e de crédito. No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em administrados, foram incluídos os itens “gás de botijão”, “plano de saúde” e “produtos farmacêuticos”.

Para o Produto Interno Bruto (PIB), foram acrescentadas as variações trimestrais da atividade agregada do primeiro e segundo trimestre de 2023, ante o mesmo período do ano anterior e ante o trimestre anterior, com ajuste sazonal. Além disso, o BC pede novamente projeções do hiato do produto, uma medida de ociosidade da economia, para o quarto trimestre de 2022, 2023 e 2024.

O Copom se reúne em 21 e 22 de março. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano.

BC terá dificuldade ao cortar juros, diz Novus

A leitura do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro traz sinais ruins para além das variações de itens mais voláteis, que pesaram sobre o indicador no mês passado, como os de saúde, o economista-chefe da Novus, Tomás Goulart.

Divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acelerou de 0,53% em janeiro para 0,84% em fevereiro, acima da mediana de 0,78% dos economistas consultados pelo Valor Data, que variavam entre 0,62% e 0,89%. Já o resultado em 12 meses desacelerou para 5,60%, de 5,77%. Neste caso, a projeção do Data era de queda a 5,53%.

“A média móvel de três meses dessazonalizada e anualizada dos núcleos vinha desacelerando desde novembro do ano passado, com tendência para convergir a 5%, que é o patamar que a gente interpreta como sendo a meta de inflação informal”, diz Goulart. No entanto, esse processo foi interrompido, com o indicador passando de 5,6% em janeiro para 6,5% em fevereiro.

“Isso joga alguma preocupação para a dinâmica. A gente sabe que tem muito efeito de segunda ordem dos preços de combustíveis. Ano passado, o preço despencou com as desonerações e o resto despencou junto. Desta vez, vemos uma reaceleração antes mesmo da reoneração chegar ao indicador. E isso coloca pressão para os próximos meses”, nota.

Anunciado no fim de fevereiro, a reoneração parcial dos combustíveis por parte do governo federal deve se refletir no IPCA apenas em março.

A Novus já tem uma projeção mais alta para a inflação no ano que a mediana – 6,60%, contra 5,90% da Focus. Por isso, o dado de hoje não deve justificar uma revisão. Com isso, “vemos o Banco Central com dificuldade de achar espaço para cortar juros olhando apenas inflação, Sem voltar para trajetória da meta, não tem muita justificativa para o BC cortar”, diz Goulart.

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