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Quem manda na taxa de juros?
Veja o que diz Alexandre Schwartsman, ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central, em entrevista exclusiva à IF
O Banco Central (BC) manteve a taxa de juros em 13,75% e o governo ficou mais irritado, movido a aumentar a pressão contra a taxa que chama de “absurda”. Neste embate entre Banco Central, presidente, ministro da Fazenda: quem manda nesse percentual? Quem está certo sobre a inflação e a taxa de juros? A Inteligência Financeira ouviu, com exclusividade, Alexandre Schwartsman, que já foi diretor de assuntos internacionais do Banco Central e economista-chefe de grandes bancos.
Schwartsman afirma que o comportamento da inflação depende exatamente da interação do Banco Central, do Governo e do Ministro da Fazenda.
Ou seja, reflete o que está acontecendo do lado da política monetária, do lado da política fiscal. E também do ambiente institucional no qual o banco central está inserido. “Em última análise, quem manda nesse negócio todo não é o presidente do Banco Central, não é o presidente da República, não é o ministro da Fazenda”, diz o economista.
Sobre a redução da atividade econômica e redes de varejo que pedem recuperação judicial, Schwartsman explica que o Banco Central tem condição de avaliar o que está acontecendo com o crédito por meio da análises dos números, da taxa de desemprego e indicadores para saber se a economia está desacelerando.
“Claro que a inflação não vai cair sem desaceleração econômica”, diz o economista. “Se a atividade estiver tiver uma queda mais expressiva, obviamente, isso vai ser calibrado pelo o que o Banco Central chama de balanço de riscos”, completa.
O que poucos prestaram atenção e, na entrevista Alexandre Schwartsman ressalta, é que o comunicado do Copom mostra que a perspectiva de inflação do Brasil piorou.
Em fevereiro passado, o Banco Central dizia que iria cortar a taxa de juro por volta de setembro. Agora, a perspectiva de queda da taxa de juro é só em novembro.
“Significa a gente está com pressões inflacionárias mais persistentes do que se imaginava há um mês e meio”, afirma.
Com toda a experiência acumulada, o recado do economista Alexandre Schwartsman para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é para ele se preocupar com as coisas corretas. “A preocupação não é a taxa de juros porque ela é um resultado daquilo que está sendo proposto”, diz o economista.
Para Schwartsman, o Governo deveria dedicar o tempo às reformas que são necessárias para mudar a trajetória de gasto público obrigatório no Brasil. “Sem isso, o governo pode anunciar o que for, não vai fazer a menor relevância”, afirma.
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