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Programa Desenrola: como o endividamento das pessoas afeta a economia
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a redução da inadimplência beneficia não só as pessoas inadimplentes como também a economia em geral, do qual o fazem parte o mercado financeiro e os investimentos
Os índices de endividamento e de inadimplência batem sucessivos recordes, atingindo em março deste ano, 40,58%, a maior inadimplência da série histórica do levantamento realizado pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito). De lá para cá, o número segue aumentando e em maio, o número de dívidas em atraso no país cresceu 18% em relação ao mesmo período de 2022, significando que 4 em cada 10 brasileiros estão inadimplentes.
A dívida com os bancos é o principal motivo da inadimplência, equivalendo a 64% da inadimplência das pessoas.
No início do mês, o governo divulgou o Programa Desenrola para socorrer as pessoas endividadas e vai possibilitar a renegociação de dívidas, devendo beneficiar até 70 milhões de pessoas. O objetivo da medida é combater a inadimplência no país e ajudar os brasileiros endividados a pagarem suas dívidas.
O programa é voltado para pessoas físicas, com renda familiar de até dois salários mínimos e dívidas de até R$ 5.000. O programa prevê que o nome de pessoas que devem até R$ 100 deixe de constar da lista de devedores de órgãos de proteção ao crédito.
O potencial em dívidas a serem negociadas é de mais de R$ 50 bilhões. Serão renegociadas as dívidas negativadas nos bureaus de crédito até 31 de dezembro de 2022 e no momento de habilitação ao Programa, os beneficiários serão incentivados a realizar curso de Educação Financeira.
Endividamento e a economia
Os altos níveis de endividamento prejudicam não somente as pessoas que possuem dívidas, mas também afetam significativamente a economia do país, aumentando a incerteza, o risco e ameaça o equilíbrio do mercado financeiro.
Quando as pessoas estão endividas, elas se concentram no pagamento da dívida e são mais cautelosas com seus gastos (consumo de bens e serviços), reduzindo a demanda, o que pode afetar negativamente os negócios e o crescimento econômico em geral.
Destinando a maior parte da renda familiar ao pagamento de dívidas, há menos renda disponível para outros gastos e atividades de investimento. Isso pode resultar em um nível mais baixo de atividade econômica, já que os gastos do consumidor são um dos principais impulsionadores do crescimento econômico.
Além disso, altos níveis de endividamento das pessoas podem representar riscos para a estabilidade financeira. Se estas pessoas não conseguirem cumprir suas obrigações de dívidas, acarretará aumento da inadimplência, podendo chegar a um colapso financeiro e, isso pode ter efeitos em cascata em todo o sistema financeiro, afetando bancos, credores e investidores. Por isto, um grande número de inadimplências pode enfraquecer a estabilidade geral do setor financeiro e potencialmente desencadear recessões econômicas mais amplas.
Mercado financeiro e os investimentos
A redução da inadimplência das pessoas afeta positivamente o mercado financeiro e os investimentos. Os principais benefícios são:
- Maior estabilidade: Quando a inadimplência é reduzida, melhora a estabilidade geral do mercado financeiro. Isso ocorre porque as instituições financeiras, como os bancos, sofrem menos perdas e podem reduzir as taxas de juros cobradas para repor as perdas da inadimplência. O aumento da estabilidade inspira ainda maior confiança nos investidores, tornando o mercado mais saudável.
- Melhor qualidade de crédito: A inadimplência menor, proporciona a melhora da qualidade do crédito, porque os credores têm maior probabilidade de receber o reembolso de seus empréstimos e podem fornecer crédito a tomadores de empréstimos com maior capacidade de crédito e isto, atrai investidores que buscam investimentos mais seguros e com menor risco de inadimplência.
- Menor risco de inadimplência: O risco de inadimplência aumenta a insegurança aos retornos dos investidores. Logo, quando a inadimplência é reduzida, o risco geral de inadimplência no sistema financeiro diminui. Isso é particularmente importante para investimentos de renda fixa, como títulos, em que os investidores contam com pagamentos de juros pontuais e retorno do principal. O menor risco de inadimplência torna esses investimentos mais atraentes, levando ao aumento da demanda e potencialmente menores custos de empréstimos para os emissores.
- Maior confiança do investidor: A redução da inadimplência sinaliza práticas responsáveis de concessão de crédito e melhor gestão de riscos no mercado financeiro. Isso aumenta a confiança do investidor e a confiança no sistema. Esse aumento da confiança do investidor pode impulsionar o crescimento econômico e estimular oportunidades de investimento.
- Menor risco sistêmico: A inadimplência contribui para o risco sistêmico, que se refere ao risco de um colapso no sistema financeiro. Este risco sistêmico diminui à medida que diminui a probabilidade de inadimplência em cascata e contágio sistema financeiro. Isso é especialmente importante em tempos de estresse econômico ou crises financeiras, quando a resiliência do mercado financeiro é crítica. Um risco sistêmico menor cria um sistema financeiro mais estável e resiliente, propício ao crescimento sustentável do investimento.
Em resumo, a redução da inadimplência beneficia não só as pessoas inadimplentes como também a economia em geral, do qual o fazem parte o mercado financeiro e os investimentos, pois aumenta a estabilidade, melhora a qualidade do crédito, reduz o risco de inadimplência, aumenta a confiança do investidor e diminui o risco sistêmico.
Esses efeitos positivos criam um ambiente mais atrativo para os investidores e promove o crescimento econômico.
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