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Mentores do Plano Real contam os bastidores do lançamento da moeda
O Plano Real completou 30 anos no dia 1º de julho e, em comemoração a esse projeto que trouxe estabilidade econômica ao Brasil, a Inteligência Financeira produziu um podcast que conta toda a história por trás da criação da moeda. Ao longo dos 7 episódios, diversos nomes de peso que estiveram a frente da criação do real contam os bastidores desse plano que deu tão certo.
E, para fechar com chave de ouro, na quarta-feira (21) aconteceu um evento para convidados que reuniu alguns dos criadores do Plano Real, como o ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan; o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, o economistas Edmar Bacha, entre outros.
Durante o encontro, aliás, foram abordados temas que envolvem o passado, o presente e o que esperar do futuro do Plano Real.
Super-heróis do Plano Real
Na abertura do encontro, Carlos Constantini, diretor-executivo de Wealth Management & Services (WMS) do Itaú Unibanco, comentou sobre a importância de comemorarmos os 30 anos do Plano Real.
“Ao longo desse tempo, o real foi tão testado por conta de crises internas e externas, que a gente precisa dar valor a isso. Portanto, é fundamental falarmos sobre o real, que permitiu todo o desenvolvimento do mercado financeiro”, afirmou.
Além disso, Constantini fez um brincadeira sobre a presença no evento de alguns mentores do Plano Real.
“Minha filha me perguntou porque eu estava tão feliz com esse encontro, e eu disse para ela que é como se a gente reunisse em um só lugar todos os Avengers”, disse o diretor-executivo ao fazer uma alusão aos super-heróis da Marvel.
O olhar de quem criou o real
Durante o evento, subiu ao palco Nizan Guanaes, publicitário e criador da N.ideias, que convidou Pedro Malan, Gustavo Loyola e Edmar Bacha para se juntarem a ele numa conversa sobre a criação do Plano Real.
Bacha contou que ele, junto com Fernando Henrique Cardoso, à época ministro da Fazenda, pediram para explicar ao então presidente Itamar Franco como seria o plano de forma geral.
“E eu, então, falei para o presidente que íamos fazer uma só moeda forte, tanto para o rico quanto para o pobre. Na saída da reunião, pedi um autógrafo do presidente para os meus filhos”, lembrou.
A partir daí, e claro, com diversos outros encontros para falar sobre o projeto, Itamar Franco passou a apoiar a criação da nova moeda. “O Itamar franco deu todo apoio ao ministro da Fazenda, Fernando Henrique. Se não fosse isso, o real não teria caminhado”, contou Pedro Malan.
E veja só, os encontros, como já era de esperar em um assunto tão complexo, eram bastante acalorados, disse Gustavo Loyola. “Mas sempre buscávamos um consenso. Na época do plano, tínhamos reuniões intermináveis, mas que se chegaram a uma convergência.”
O Plano Real após 30 anos
Quem também falou sobre a dinâmica da criação do real foi Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central.
De acordo com o economista, a reunião para a criação da Medida Provisória que deu início ao Plano Real começou às 10 horas e terminou às 20h.
“Boa parte do nosso grupo estava aguardando o desfecho. Ao longo dessa reunião, vi algumas vezes o Fernando Henrique levantar e falar que se fosse para fazer assim, que usassem a colaboração de outros ministros. Como no congelamento de preços”, disse Gustavo Franco.
Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco também estava na roda de conversas e disse: “o Plano Real não contou com congelamento de preços, que era politicamente atraente e resolvia no curto prazo. Por outro lado, deixava uma ressaca danada”.
Já para Mariana Dreux, gerente de gestão de recursos do Itaú Asset, o Plano Real foi um divisor de águas. “Isso porque acabou com a hiperinflação e atingiu a estabilidade. Portanto, empresas e famílias conseguiram ter previsibilidade e planejamento financeiro”, disse.
E isso, claro, se mantém até hoje. Ou seja, inflação controlada, maior poder de compra do brasileiro, entre outros fatores.
“Aquela tese de que inflação é lubrificante, lubrifica nada, só atrapalha os preços. E aí, prejudica, então, os mais pobres e os trabalhadores do setor informal”, acrescentou Mesquita.
O que vem por aí
E para encerrar o encontro, subiram ao palco Patricia Stille, CEO e fundadora da BEE4 e Eric Altafim, diretor de produtos e corporate sales do Itaú Unibanco, que falaram sobre o futuro da nossa moeda e da economia. Desse modo, então, os temas abordados foram o Drex, que pretende ser o real digital, e a tokenização de ativos.
Basicamente, de acordo com Altafim, o Drex será todo o sistema econômico usado hoje em dia, porém, de forma digitalizada.
“Mas claro que não é tão simples assim. Até porque, o Banco Central ainda não resolveu um desafio tecnológico que é o principal de todos: a privacidade”, afirmou durante o evento.
O Drex, aliás, pode ser um grande empurrão para a confiança na tokenização de ativos. “A instituições financeiras vão trabalhar em um mesmo sistema. Além disso, terão que manter toda a segurança dentro das regras do Banco Central”, esclareceu Patricia.
Para finalizar, foi questionado se teríamos, no futuro, a chance de investir em tokens fora do Brasil. E segundo Altafim, isso até pode ser possível, mas em um futuro um pouco distante.
“Se em algum momento a gente tiver uma criptodolar, ou seja, o Drex dos Estados Unidos, ai isso facilitaria o investimento fora do país por meio da tokenização”, concluiu.
E se você ficou interessado em saber mais sobre o que foi dito a respeito do atual cenário do Plano Real e o que vem pela frente com o Drex e a tokenização de ativos, é só clicar aqui e conferir os dois painéis.
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