Para Campos Neto, inflação estável elimina ‘risco de mudança de equipe’ do BC

Para presidente do BC, taxa de expectativa de inflação do longo prazo estável a 4,5% justifica 'cortes de juros mais altos'

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto durante palestra na sede do BC, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto durante palestra na sede do BC, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (6) que a estabilidade de inflação no longo prazo elimina um possível “risco de troca de equipe” no BC. Durante a CEO Conference, evento do BTG Pactual (BPAC11), Campos Neto ressaltou que a inflação no Brasil vem caindo de acordo com expectativas da autoridade monetária, o que abre espaços para cortes de juros “mais altos”.

À frente do BC desde 2018, Campos Neto disse que a confirmação da meta de inflação foi importante para ancorar expectativas de longo prazo e tornar as projeções do mercado mais estáveis. O presidente da autoridade deixa a instituição ao final de 2024, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve indicar um novo mandatário para a instituição.

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Campos Neto: inflação estável elimina riscos de ‘troca’ no BC

De acordo com o presidente do Banco Central, a definição da meta de inflação em 2023 gerou uma estabilidade de expectativas de inflação no longo prazo. Campos Neto explicou que, na taxa de longo prazo, a inflação está em 4,5%, o que a mantém dentro da banda da meta de 3% definida pelo CMN em junho.

“Vemos inflação mais longa mais equilibrada em termos de expectativa. Isso derruba o argumento de risco de mudança de equipe do BC”, disse Campos Neto.

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“A inflação vem caindo e está de acordo com que esperamos em convergência da meta”, disse Campos Neto. “O núcleo de serviços veio marginalmente pior, com efeito grande das passagens aérea, mas está dentro do que programamos em trajetória”, completa.

A fala segue uma direção parecida com a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nesta terça-feira.

Ao mesmo tempo, o banqueiro central explicou que a taxa de inflação no longo prazo está no mesmo patamar de momentos em que os juros estavam muito mais baixos, o que “justifica cortes de juros mais altos”.

Juros real do Brasil está ‘na média’ de emergentes

Campos Neto também explicou que a taxa de juros real do Brasil está “na média” quando comparada aos juros dos países emergentes. De acordo com o BC, a taxa de juros real do país está abaixo da do México, mas acima da Colômbia e do Chile.

O presidente do BC também afirmou que “o esforço monetário” da autoridade levou os juros reais do Brasil a caírem. Por outro lado a mesma taxa subiu para economias desenvolvidas, como Reino Unido e Estados Unidos.

“Gostamos de olhar o chamado esforço monetário: a diferença entre a taxa de juros real para taxa de juros de equilibrio”, justificou Campos Neto. A taxa de equilíbrio é o juro que não gera nem inflação nem deflação.

“A taxa de equilibrio do Brasil é a mais baixa da América Latina. E o importante no combate da inflação é a taxa de juros real para a de equilíbrio”, concluiu Campos Neto.

O banqueiro central ainda comentou sobre o risco de crescimento do mercado chinês. “Tem um tema de alavancagem muito difícil de entender na China”, pontuou.

“Vemos a parte de construção (da China) parada, mas também vemos que é muito difícil imaginar ficar parado por muito tempo. Ao mesmo tempo em que preços estão estáveis, o número de vendas caiu muito, junto com a oferta de novos imóveis. Há uma desaceleração muito grande encomendada”, disse Roberto Campos Neto.

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