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O que deve acontecer com as economias global e brasileira em 2025?
O evento ‘Ponto de virada’ discutiu as expectativas econômicas para 2025, com foco em inflação, juros e estabilidade de mercados. Nicholas McCarthy, do Itaú Unibanco, destacou a importância de um horizonte de investimento de 12 a 18 meses. O mercado americano é visto como promissor, mas com cautela. No Brasil, a economia mostra resiliência, mas enfrenta desafios fiscais e de inflação. A recomendação é focar no longo prazo e diversificar investimentos.
O que podemos esperar para o cenário econômico em 2025? Esse foi o tema central do “Ponto de virada”, evento promovido pelo íon nesta terça (12). Durante um dos painéis, Nicholas McCarthy, CIO do Itaú Unibanco, trouxe insights sobre as expectativas do mercado, reforçando a importância de olhar para frente ao fazer escolhas de investimento.
Com foco em temas como inflação, taxa de juros e estabilidade dos mercados, o evento trouxe uma análise dos desafios e oportunidades que investidores poderão enfrentar, tanto no Brasil quanto no exterior.
McCarthy destacou que, ao falar de investimentos, é fundamental adotar um horizonte de, no mínimo, 12 a 18 meses, pois pouca coisa pode ser feita em apenas um mês. “Tente montar a carteira e evite o ‘compra tudo, vende tudo’,” aconselha. A recomendação é focar no longo prazo e não tomar decisões movidas por momentos específicos, já que o mercado apresenta oscilações naturais.
Volatilidade do mercado americano
McCarthy observa que o mercado de ações americano é visto por muitos como uma das melhores opções globais. Em uma média dos últimos 30 a 40 anos, esse mercado apresentou um rendimento anual de cerca de 8,5%, o que representa “inflação + 6%”. No entanto, ele ressalta a necessidade de cautela. “Em 2020, ela caiu cerca de 70%. Mesmo sendo a bolsa americana, há momentos ruins e bons”.
A influência da inflação nos investimentos
Grande parte da análise do Itaú Unibanco está voltada para a inflação, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. McCarthy explica que, em 2022, as carteiras internacionais recomendadas pelo banco mantiveram de 25% a 30% do patrimônio líquido em caixa, que, de fevereiro a novembro, rendeu zero. Isso foi motivado pela visão de que, com a inflação americana em torno de 10%, o Banco Central precisaria subir juros de forma drástica para conter a inflação, o que efetivamente ocorreu, elevando a taxa de 0% a 5,25%.
Durante esse período, a maioria dos ativos apresentou rendimento negativo, reforçando a importância de proteger o capital em momentos de incerteza. “Em momentos ruins, vamos economizar dinheiro; em momentos bons, capitalizar o dinheiro,” resume McCarthy.
No final de 2022, com a taxa de juros americana estabilizada em 5%, o cenário para compra de ativos de risco voltou a se tornar favorável. O Itaú Unibanco comprou uma combinação de ativos de renda fixa e ações, priorizando a bolsa de valores. Essa estratégia foi adotada em meio a previsões de recessão por parte de muitos concorrentes desde 2020, embora, segundo McCarthy, recessões normalmente ocorram por conta de choques econômicos específicos.
Principais riscos: guerras e instabilidade bancária
Atualmente, como destaca McCarthy, três guerras em curso representam riscos geopolíticos que podem afetar o mercado global e o cenário econômico de 2025. Uma elevação nos preços do petróleo em função desses conflitos pode comprometer a tendência de queda da inflação.
Além disso, o setor bancário americano também segue no radar. No ano passado, a intervenção rápida do Federal Reserve foi essencial para evitar uma recessão que poderia ter ocorrido devido a uma crise bancária. “Todas as coisas que acreditávamos que iam acontecer, de fato aconteceram,” destaca McCarthy.
Cenário internacional: EUA, Europa e China
McCarthy resume o cenário econômico internacional da seguinte forma: nos Estados Unidos, dados resilientes da economia afastam os temores de uma recessão, enquanto a desaceleração da inflação e a moderação da atividade econômica podem permitir cortes graduais nas taxas de juros.
Em relação à vitória de Donald Trump, o especialista afirmou que não espera que o futuro presidente dos Estados Unidos faça mudanças radicais na economia. “Trump falou muitas coisas, vamos ver se vai conseguir fazer tudo. Não acho que vai fazer uma chacoalhada grande para descarrilhar a economia. Se fizer algo radical, podemos ter problemas, mas para ele não é interessante chacoalhar demais. Vai fazer um pouco para lá, um pouco para cá”, disse.
De acordo com McCarthy, os indicadores do país estão bons. “Quando olhamos para economia americana, vemos ela crescendo em algo em torno de 3%, com taxa de juros que deve cair para 3,5% ou 4%, inflação mais ou menos a 2,5% e desemprego perto de 4%”.
Na Europa, o cenário é de redução de juros em um ambiente de atividade econômica mais fraca e inflação controlada, com a flexibilização das políticas econômicas dependendo da evolução dos dados. Já na China, o governo anunciou novos estímulos para impulsionar o crescimento, com a meta de atingir cerca de 5% este ano.
E no Brasil?
O CIO lembra que, embora a economia brasileira apresente desafios, a atividade econômica tem se mostrado mais resiliente, sustentada pelo consumo, observando também que o PIB de 2024 vem sendo revisado para cima. No entanto, o processo de desinflação está estagnado, com expectativas de inflação desancoradas, enquanto o desafio fiscal permanece por conta das incertezas sobre o cumprimento das metas e a execução do arcabouço fiscal.
Assim, o Banco Central continua seu ciclo de alta da Selic, impulsionado por expectativas de inflação desancoradas, atividade robusta e câmbio depreciado. McCarthy observa que a bolsa de valores brasileira só deve apresentar um desempenho expressivo quando houver perspectivas de queda nas taxas de juros.
Riscos e proteção contra a inflação
Para McCarthy, os investidores devem ajustar suas estratégias de acordo com o local do investimento: quem investe no Brasil precisa superar a inflação brasileira, enquanto aqueles que investem no exterior devem superar a inflação americana.
O cenário atual demanda cautela e planejamento estratégico, com uma atenção constante aos indicadores de inflação e à política monetária.
A recomendação do Itaú Unibanco, para lidar com o cenário econômico de 2025, é focar em horizontes de investimento de médio a longo prazo, evitando decisões impulsivas e assegurando a diversificação para proteção contra riscos econômicos e geopolíticos.
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