Nos 30 anos do Real, Brasil cai em ranking do IDH global, apesar da melhora de indicadores

Em 1993, um ano antes do lançamento da moeda, o Brasil estava na 73ª posição no índice medido pela ONU. Em 2022, dado mais recente, o país estava no 89º lugar

Nos 30 anos do Plano Real, o brasileiro vive mais tempo, mais de 90% dos jovens ingressam no ensino fundamental e a renda melhorou, mas na comparação internacional o país pouco se distanciou da média global e até perdeu posições em relações a seus pares.

Em 1993, um ano antes do lançamento da moeda, o Brasil estava na 73ª posição no Índice de Desenvolvimento (IDH), medido pela ONU. Em 2022, dado mais recente, o país estava no 89º lugar.

O IDH é um indicador que tem o objetivo de medir a qualidade de vida de um país, Estado ou cidade, com base em fatores como expectativa de vida, anos de escolaridade e renda per capita. A escala vai de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo o índice estiver de 1, melhor é a qualidade de vida daquela população.

Nesse período, a expectativa de vida ao nascer passou de 67,1 anos para 73,4 anos e a renda per capita subiu de US$ 10.180 para US$ 14.616. O número médio de anos de educação obtidos por pessoas com 25 anos ou mais também mais que dobrou entre 1993 e 2022: de 4,1 para 8,3.

O IDH do Brasil foi 0,633, em 1993, para o atual 0,76, o que o classifica como um país de alto desenvolvimento humano, imediatamente atrás de Azerbaijão e à frente da Colômbia. A classificação da ONU tem quatro categorias: IDH baixo, IDH médio, IDH elevado, IDH muito elevado.

A média global passou de 0,61 em 1993 para 0,739 em 2022. O líder global em 1993 eram os Estados Unidos, com IDH de 0,882. Hoje os EUA estão no 20º lugar, com IDH de 0,927, e a liderança mundial é da Suíça, com índice 0,967 – em 1993, os suíços estavam em quinto lugar.

O indicador da ONU acrescentou 51 países nessa passagem de tempo: de 142 para 192. Mas a queda do Brasil não é explicada somente pelo ingresso de mais nações. A verdade é que o país segue muito mais perto da média mundial do que do topo do ranking – ainda que essa distância tenha encurtado.

Em 1993, o indicador americano era 39% maior que o brasileiro; em 2022, os suíços tinham resultado 27% melhor que o brasileiro. Na mesma comparação, o IDH do Brasil era 4% maior que o global no início dos anos 1990 e hoje é 3% superior.

O Brasil hoje está em um patamar similar ao da Argentina em 1993 (hoje o país vizinho tem IDH de 0,849, em 48º lugar, em nível muito elevado) e inferior ao da Coreia do Sul daquela época, por exemplo — os sul-coreanos estavam na 30ª posição, com IDH de 0,761.

Pelos critérios da ONU, o Brasil é atualmente o 51º país mais bem colocado em anos de escolaridade previstos (número de anos que uma criança pode esperar alcançar), mas é apenas o 122º em número médio de anos de educação entre quem tem ao menos 25 anos, além de ser 89º país tanto em maior expectativa de vida ao nascer como em PIB per capita.

Na comparação regional, o Brasil também segue bastante desigual. De um lado há duas unidades da Federação com IDH muito elevado: Brasília e São Paulo. A primeira está em um patamar semelhante ao do Uruguai, a segunda, ao da Costa Rica. De outro, há oito Estados com IDH médio. O pior classificado é o Maranhão, com patamar similar ao do Tadjiquistão, que era o 126º no ranking da ONU.

Com informações do Valor Econômico