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Mudanças no FGTS devem afetar as ações das construtoras, apontam analistas
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira (26) a análise sobre a mudança na regra de rendimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). As alterações podem ser um risco negativo para as construtoras, especialmente aquelas voltadas para os consumidores de baixa renda.
A alteração nos custos de aquisição do FGTS, que agora são baseados na inflação ao invés da Taxa Referencial (TR), pode afetar negativamente o programa habitacional Minha Casa Minha Vida, um importante cliente para as construtoras.
Anúncios do Minha Casa Minha Vida devem atrasar
Embora a decisão final ainda não esteja clara, acredita-se que esta revisão deve, pelo menos, atrasar os anúncios do Minha Casa Minha Vida, até agora esperados para o 1º semestre deste ano.
A expectativa é que o rendimento do FGTS seja equiparado ao da poupança. Atualmente, o Fundo rende, em média, a metade da caderneta.
O que dizem os analistas
Bank of America
Segundo os analistas do Bank of America (BofA), as mudanças podem ser neutras para as construtoras que operam com o programa Minha Casa.
Ainda segundo os especialistas do BofA, a perspectiva para o setor imobiliário de baixa renda deverá seguir desafiadora enquanto a taxa Selic estiver alta, uma vez que o setor é bastante sensível às taxas de juros.
“As mudanças no FGTS podem impactar negativamente o setor, tornando o financiamento mais caro e limitando o acesso à habitação para a população de baixa renda. No entanto, a redução dos juros, com políticas públicas que incentivem o segmento de baixa renda, promoveria maior o acesso à moradia e o desenvolvimento econômico”, completou.
Box Asset Management
Para o CEO da Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez, a revisão do FGTS e os juros em alta devem afetar negativamente as ações do setor de construtoras.
“Mas é preciso cautela. Decidir sobre investimentos com base em uma única notícia pode ser complicado, especialmente porque a nova revisão ainda não foi aprovada”, afirmou Gonçalvez.
RB Investimentos
Do ponto de vista do investidor, Gustavo Cruz, Estrategista-Chefe da RB Investimentos, aponta para a taxa de juros. “As vendas vêm caindo bastante com os juros elevados.”
Neste sentido, Gustavo Cruz recomenda ao investidor ficar de olho nas ações da Plano&Plano (PLPL3), “que está respondendo muito bem na bolsa”.
“Antes de comprar ações do setor, o investidor precisa observar as empresas com uma perspectiva mais história, com o caixa saudável, para não embarcar em companhias com apenas um ano de resultado muito bom”, completa Gustavo Cruz.
UBS
Já os analistas do UBS acreditam que construtoras voltadas à baixa renda podem sair ganhando.
Esse é o caso, por exemplo, da Tenda (TEND3), que direciona 60% de suas as vendas para o público com renda mensal de até R$ 2,65 mil, enquadrado na faixa 1 do Minha Casa Minha Vida (média total de R$ 2,9 mil). As mudanças no FGTS podem aumentar a fatia desse público para até 75% das vendas totais.
O que é o FGTS?
O FGTS é uma espécie de poupança obrigatória para trabalhadores criada para ‘substituir’ a estabilidade no emprego em 1966. O empregador deve depositar 8% do salário no fundo, ao qual o trabalhador só tem acesso em situações específicas.
O FGTS é obrigado por lei a render TR + 3% e desde 2017 tem uma política de participação nos lucros de até 100%. Depois desses ‘dividendos’, a rentabilidade do FGTS costuma ser maior que a da poupança.
Há estimativas que mostram que, com o pagamento de 100%, o rendimento do FGTS teria superado a caderneta de poupança em 1,2 pontos percentuais ao ano, desde 2010.
O Fundo – que tem R$ 520 bilhões sob custódia – destina 60% ao financiamento habitacional e é a principal fonte de recursos para os programa de habitação popular do governo.
Pelo menos 65% do orçamento do programa Minha Casa Minha Vida desde 2016 vem do FGTS. Cerca de R$ 10 bilhões por ano são direcionados para redução de parcelas e adiantamentos em hipotecas para famílias de baixa renda.
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