Mário Mesquita: BC deve manter trabalho para evitar desancoragem de expectativas

Economista-chefe do Banco Itaú considera que o Fed, banco central dos Estados Unidos, não está combatendo de forma tão firme a inflação local

O economista-chefe do Banco Itaú (ITUB4), Mário Mesquita, afirmou nesta sexta-feira que o Banco Central deve manter o foco em não permitir a desancoragem das expectativas de inflação da meta perseguida de 3% com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

Mesquita, que participa do X Seminário Anual de Política Monetária do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) no Rio, ressaltou que expetativas desancoradas terminam por exigir um esforço maior da política monetária ao longo do tempo, aumentando a “taxa de sacrifício”.

“O BC tem que lidar com toda a incerteza, com a interpretação de dados que ficou mais difícil depois da pandemia. Quanto mais ancoradas as expectativas, mais flexível o BC pode ser”, disse Mesquita, que adicionou o fato de que o Fed, banco central dos Estados Unidos, não está combatendo de forma tão firme a inflação local.

“Em país com memória inflacionária recente, conviver com inflação alta é muito arriscado”, frisou o economista, citando estudo que mostra que em regiões da Alemanha e da Polônia ainda se percebem efeitos na percepção inflacionária derivados da hiperinflação na década de 20 do século passado.

Mesquita também ressaltou que o atual processo de votação do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), com a publicidade dos votos, favorece a credibilidade da instituição.

“Esse ritual facilita a gestão da credibilidade. O Copom tem histórico de ter dissenso com frequência, muito mais que o Fed [banco central dos Estados Unidos]”, disse Mesquita. “O rito do regime de metas se constrói e se defende”, acrescentou.

Com informações do Valor Econômico