Lula: nada é mais imprescindível para sociedade se desenvolver do que crédito

Presidente da República disse que pessoas que precisam emprestar grandes quantidades de dinheiro têm mais facilidade do que as que precisam retirar pouco

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta segunda-feira (22) que as pessoas precisam ter acesso ao sistema financeiro. “Não tem nada mais imprescindível para uma sociedade, qualquer que seja ela, se desenvolver, se ela não tiver condições de ter oportunidade e se ela não tiver crédito”, declarou.

Ele deu a declaração no lançamento do programa Acredita, voltado para crédito, no Palácio do Planalto. De acordo com o presidente, os bancos não estão preparados para receber pessoas pobres.

Lula disse que pessoas que precisam emprestar grandes quantidades de dinheiro têm mais facilidade do que as que precisam retirar pouco. “É muito difícil, não tem banco para a gente entrar. Porque banco não foi preparado para receber pobre”, comentou o presidente da República.

Lula também disse que seu governo deve organizar um canal por telefone para que usuários possam levar suas reclamações sobre o funcionamento do novo programa.

“Não sei se é no ministério do Márcio França, ministro do Empreendedorismo, a gente deveria criar uma espécie de um 190, um 180. Um telefone para que as pessoas pudessem telefonar e se queixar se as coisas não estiverem acontecendo. Porque muitas vezes as pessoas não têm a receptividade que elas imaginavam que iam ter e não têm para quem reclamar.”

Segundo Lula, é preciso “um lugar para o povo colocar pra fora suas angústias”.

Diálogo com Congresso

O presidente disse também que a Medida Provisória (MP) do Acredita só será aprovada se houver diálogo com o Congresso.

“A gente vai mandar essa medida provisória, eu estou muito otimista. Mas essa medida provisória, quando chegar no Congresso Nacional… tem 513 deputados, nem todo mundo é obrigado a concordar com nossos artigos. Tem pessoas que vão querer mudar. A gente vai xingar? A gente vai achar ruim? Não”, comentou.

E declarou: “A gente vai ter que colocar o governo para conversar, e se for preciso, da ajuda de você para conversar com os deputados. Por que se não, a gente não aprova. E eu acho que sem crédito esse país não vai a lugar nenhum.”

Lula disse que não falaria sobre os juros para não tirar o foco do programa Acredita. “Eu não quero nem falar de juros e outras coisas porque se não a manchete do jornal será essa e não o programa Acredita.”

Em seguida, declarou que “ninguém falou mal de juros, todo mundo sabe que está difícil”. Lula também voltou a dizer que o País vai crescer mais do que as previsões do mercado financeiro. “Quero alertar pessimistas que Brasil crescerá em 2024 mais do que vocês falaram até agora.”

Reajustes salariais são sinal positivo de empresários

Lula da Silva disse que 87% dos acordos salariais feitos em 2023 estipularam aumentos acima da inflação, e que isso é sinal de que os empresários acreditam na economia.

“Isso é um sinal de que não é apenas eu que estou acreditando na economia, e o Haddad. É sinal de que os empresários também estão acreditando embora nem todos falem para a imprensa”, disse o presidente da República.

Lula também reclamou das avaliações que o empresariado fazem de seu governo.

“Empresário, Menin Rubens Menin, da MRV, que participou da solenidade, tem uma dificuldade para falar bem de governo. Você não tem noção. Você faz uma reunião com os empresários aqui, pode atender 99% da pauta que eles entregarem. Quando eles saírem e a imprensa perguntar e aí, tudo bem? Vão responder ainda não é suficiente”, disse Lula.

O presidente disse que isso acontece também com trabalhadores. Seu governo está pressionado por funcionários públicos que estão pedindo aumentos salariais.

“Os trabalhadores apresentam uma pauta de reivindicação. 90 itens, a gente atende 89. Quando começam a falar não falam pelos 89 que a gente atendeu, falam pelo 1 que a gente não atendeu”, declarou o presidente.

Lula disse desejar um país “de classe média sustentável”. Em suas palavras, que não tenha muitos ricos nem muitos pobres.

O presidente também declarou não querer uma sociedade “eternamente dependente” de programas com o Bolsa Família.

Ele voltou, porém, a reclamar de críticas sobre gastos do governo com programas sociais. “Tudo o que você faz no governo federal é tratado como se fosse gasto, não é possível”, disse ele.

Lula também criticou seu antecessor, Jair Bolsonaro. Segundo o presidente, o governo anterior “não deixou nada” nem para pagar dívidas.

Com informações do Estadão Conteúdo