Juros nos Estados Unidos: Pela primeira vez, decisão do Fed está ‘em aberto’

Próximo passo do Federal Reserve 'não está claro' para o mercado, que não sabe se o banco pretende manter juros nos EUA; é mais provável que sim

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve. Foto: Leah Millis/File Photo/Reuters
Jerome Powell, presidente do Federal Reserve. Foto: Leah Millis/File Photo/Reuters

Os juros nos Estados Unidos estão no maior patamar desde 2007, e os investidores estão de olho nos próximos passos do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, e seu movimento na próxima reunião, marcada entre 13 e 14 de junho.

Contudo, diferente dos últimos encontros, o Fed deixou esse próximo passo “em aberto”, segundo economistas entrevistados pela Inteligência Financeira. A autoridade monetária não sinalizou se pretende aumentar a taxa de juros nos EUA em mais 0,25 pontos percentuais ou dar um basta no aperto. Isso se traduz em um mercado mais volátil e imprevisível, diz Tomás Urani, economista do Santander Brasil.

Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

Decisão ‘em aberto’ do Fed preocupa mercado

A preocupação de Urani é de que, pela primeira vez em um ano, “o Fed não comunicou com mais ênfase qual será seu próximo passo” na política monetária para controlar a inflação dos EUA e convergi-la em direção à meta de 2% em 18 meses, fixada pela própria autoridade monetária.

“Por isso, as expectativas de mercado para o próximo evento estão um tanto voláteis, oscilando conforme as divulgações dos dados e das falas de membros do FOMC”, diz Urani.

Últimas em Economia

Chance do Fed aumentar os juros dos EUA em junho

Mas o silêncio de Jerome Powell, presidente do Fed e diretor do FOMC, intriga o mercado. A previsão dos agentes é de uma chance de alta de juros 30% na reunião de junho, e de cerca de 80% em julho.

“Não subir os juros nos Estados Unidos em julho pode fazer com que o arrefecimento necessário no mercado de trabalho seja mais lento, e que a inflação demore mais para convergir para a meta”, diz o economista do Santander.

Desde a semana passada, lideranças da autoridade – como o economista Phillip Jefferson, cotado para assumir a vice-presidência do Fed – vêm sinalizando que não haverá alta dos juros nos Estados Unidos na próxima semana.

“Mas é importante ter em mente que a política monetária atua com defasagem, e que o impacto do aperto monetário já realizado vem começando a aparecer por agora. Portanto, não subir juros em junho não deveria ter um impacto tão relevante, tampouco deve ser interpretado como um sinal de otimismo”, diz Urani.

De qualquer forma, os indicadores usados pelo Fed para decidir sobre altas e baixas nos juros, como o payroll e o PMI de serviços, não oferecem um caminho claro. Esta é a avaliação da economista Cristiane Quartaroli, head de câmbio do banco Ourinvest.

Indicadores reforçam pressão sobre juros nos EUA

“Horas vemos os indicadores mais favoráveis para uma possível pausa na alta do ciclo de juros, e horas vemos o contrário”, diz Cristiane. Ela ressalta que a decisão está “totalmente em aberto”, com tendência de manutenção dos juros por enquanto. “Pelo menos até uma análise mais robusta para a próxima decisão.”

Desde a última reunião do Fed, em maio, os principais indicadores vieram com viés de alta, aponta Francisco Nobre, economista da XP Investimentos. Existe, conforme o economista, uma resistência da inflação com mercado de trabalho aquecido. “A economia está resiliente justamente no setor de serviços, que vem preocupando economistas”.

Se antes o mercado precificava queda dos juros nos EUA a partir do quarto trimestre deste ano, a expectativa mudou radicalmente. “Agora, o mercado aguarda manutenção dos juros em patamares elevados por mais tempo”.

A expectativa da XP é de que o Fed já encerrou o ciclo de aperto monetário. Além disso, a corretora prevê a manutenção da taxa de juros entre 5% a 5,25% até o final de 2023. Os cortes começam, no cenário traçado pela empresa, somente em 2024.

O que esperar do comunicado do Fed em junho?

O comunicado do Fed para a reunião de junho deve pregar paciência e cautela no controle da inflação afirma Nobre.

A manutenção de juros, nesse sentido, será provisória para que o Fed compre tempo para observar a reação da economia aos juros altos, mantendo a possibilidade de aumento da taxa em futuras reuniões.

“Outro ponto importante desta reunião é que os membros votantes do FOMC irão atualizar suas projeções para as principais variáveis macroeconômicas”, frisa o economista da XP. Essas reestimativas são realizadas uma vez por trimestre — e, no próximo encontro, devem ser revisadas para cima.

“Provavelmente devem reajustar para cima as projeções de inflação e da taxa de juros de referência para 2023 e 2024”. Ou seja, o Fed vai aumentar os esforços para convergir a inflação para a meta.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


VER MAIS NOTÍCIAS