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IPCA: inflação sobe 0,62% em dezembro e fecha 2022 em 5,79%
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou nesta terça-feira que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 0,62% em dezembro e encerrou 2022 com taxa acumulada de 5,79%. Esse foi o terceiro ano seguido que o índice superou a meta do Banco Central, que era de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.
Com o resultado acima do teto da meta (5%), Roberto Campos Neto, presidente do BC, será obrigado a escrever uma carta ao Ministério da Fazenda para justificar os motivos de a autoridade monetária não ter cumprido novamente a sua atribuição.
“Avaliamos que a autoridade usará o choque nos preços de alimentos como principal justificativa, seguido de bens industriais. Os drivers externos deverão nortear a carta, com destaque para a guerra entre Rússia e Ucrania, bem como para a perspectiva de austeridade monetária global, mantendo o câmbio pressionado por aqui”, comenta Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
O resultado do IPCA de dezembro de 2022 ficou acima das expectativas do mercado. A projeção era de uma alta de 0,45%, segundo mediana das 36 projeções colhidas pelo Valor Data. O ponto médio das estimativas dos agentes financeiros para o encerramento de 2022 era de 5,6%.
Destaques do IPCA de dezembro
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta em dezembro. A maior variação (1,60%) e o maior impacto (0,21 ponto percentual) vieram de saúde e cuidados pessoais, que acelerou em relação ao resultado de novembro (0,02%). A segunda maior contribuição, 0,14 p.p., veio de alimentação e bebidas, que ficou com alta de 0,66%. Juntos, os dois grupos representaram cerca de 56% do impacto total do IPCA de dezembro.
A segunda maior variação, por sua vez, veio de vestuário (1,52%), cujo resultado ficou acima de 1% pelo quinto mês consecutivo. Transportes (0,21%) e habitação (0,20%) desaceleraram ante o mês anterior, quando registraram 0,83% e 0,51%, respectivamente. Os demais grupos ficaram entre 0,19% de educação e 0,64% de artigos de residência.
Disparada do preço da alimentação em 2022
O resultado de 2022, conforme o IBGE, foi influenciado principalmente pelo grupo alimentação e bebidas (11,64%), que teve o maior impacto (2,41 p.p.) no acumulado do ano. Na sequência, veio saúde e cuidados pessoais, com 11,43% de variação e 1,42 p.p. de impacto.
Já a maior variação veio do grupo vestuário (18,02%), que teve altas acima de 1% em 10 dos 12 meses do ano. O grupo habitação (0,07%) ficou próximo da estabilidade e os transportes (-1,29%) tiveram a maior queda e o impacto negativo mais intenso (-0,28 p.p.) entre os nove grupos pesquisados.
A disparada do grupo alimentação e bebidas foi puxada pela alimentação no domicílio (13,23%). Os destaques foram a cebola (130,14%), que teve a maior alta entre os 377 subitens que compõem o IPCA, e o leite longa vida (26,18%), que contribuiu com o maior impacto (0,17 p.p.) entre os alimentos para consumo no domicílio.
Nos transportes, uma alta importante foi das passagens aéreas, que subiram 23,53% e contribuíram com 0,14 p.p. no acumulado do ano. No lado das quedas, destaca-se a gasolina (-25,78%), responsável pelo impacto negativo mais intenso (-1,70 p.p.) entre os 377 subitens que compõem o IPCA.
Os preços da gasolina caíram de forma mais expressiva entre julho e setembro, em decorrência de uma série de reduções no preço do combustível nas refinarias e da aplicação da Lei Complementar 194, que limitou a cobrança de ICMS sobre os combustíveis pelos estados.
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