O Itaú Unibanco manteve em 5% a previsão para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) no final de 2022. A expectativa é que a inflação oficial medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que encerrou 2021 em 10,06%, siga pressionada no começo do ano e comece a desacelerar com maior intensidade a partir de maio.
“Nossa projeção para o IPCA está em 0,46% em janeiro, 0,87% em fevereiro e 0,51% em março. Com isso, ainda teremos uma inflação em 12 meses perto de dois dígitos no primeiro trimestre de 2022”, disse Júlia Passabom, economista do banco. “Somente em maio veremos uma desinflação maior, com a taxa em 12 meses recuando para 8,90%”, acrescentou.
A pressão nos primeiros meses deste ano, conforme a economista, deve vir de alimentos, combustíveis e reajustes anuais de preços indexados, como do transporte público e das matrículas escolares. “No curto prazo, vemos uma alta sazonal principalmente do alimento in natura, em razão das chuvas”, apontou Júlia Passabom. “Já os combustíveis devem pesar com o anúncio feito nesta terça-feira pela Petrobras de altas da gasolina (4,85%) e do diesel (8,08%) nas vendas para as refinarias.”
A especialista do Itaú falou dos possíveis efeitos do avanço da variante ômicron do coronavírus. “Temos um impacto pouco ambíguo e que tende a ser muito menor em relação ao auge da pandemia. Se os gargalos de produção podem piorar, uma eventual desaceleração da atividade econômica traz também o lado desinflacionário”, observou.
Sobre cenários climáticos extremos, como os temporais em Minais Gerais e a onda de calor no Rio Grande do Sul, Júlia Passabom fez uma avaliação semelhante. “Uma revisão para baixo da safra ou até uma colheita de qualidade menor pressiona os alimentos. Ao mesmo tempo, o nível dos reservatórios tem melhorado bastante, o que ajuda no recuo do componente de energia”, completou.