Indústria e comércio abaixo das expectativas: mau sinal para PIB de 2025?

Além de dados do IBGE sobre novembro, alguns indicadores antecedentes de dezembro também apontam esfriamento da economia
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Venda no Varejo e Produção Industrial em Queda – Varejo restrito recua 0,4% em novembro, e varejo ampliado cai 1,8%. – Produção industrial registra segunda queda consecutiva, de 0,6% em novembro. Economistas alertam para possível desaceleração econômica e revisam projeções de crescimento do PIB para 2025. Dados de Idat, Cielo e IBC-Br apontam tendência de esfriamento econômico também em dezembro. Escalada do dólar e alta dos juros podem estar afetando confiança do consumidor e atividade econômica.

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Em dois dias, o Brasil teve dois importantes indicadores de atividade abaixo das expectativas, no que podem ser os primeiros sinais de desaceleração da economia.

Nesta quinta-feira (9), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que as vendas do varejo restrito recuaram 0,4% ante outubro.

A projeção majoritária do mercado era de declínio de 0,2%, segundo levantamento da Reuters.

Em outra medida, do varejo ampliado, a queda foi ainda maior: 1,8%.

Alguns economistas alertaram para retração forte nas vendas de veículos (-7,8%) e de materiais de construção (-1,4%), dois setores da economia sensíveis ao crédito.

Na véspera (8), o mesmo IBGE também havia apontado baixa de 0,6% da produção industrial brasileira em novembro.

Neste caso, o número veio em linha com as projeções do mercado, mas engatou o segundo mês consecutivo de queda.

Soluço ou tendência para o PIB de 2025?

Os dados já começaram a alimentar discussões entre economistas sobre se a economia brasileira pode estar desacelerando e em qual intensidade.

“Isso pode apontar para uma desaceleração econômica mais concreta”, afirmou a equipe de economistas do Bank of America, sobre os dados industriais.

De forma mais ampla, uma perda de fôlego só era esperada para meados de 2025.

“O resultado do comércio somado à queda da produção industrial coloca ligeiro viés de baixa na nossa projeção do PIB de 2024”, afirmou nesta quinta em relatório a equipe de análise econômica do Bradesco.

A previsão atual do banco é de crescimento de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no ano passado e outra alta de 2,2% em 2025.

Enquanto isso, alguns dados antecedentes apontam tendência de esfriamento econômico também em dezembro.

O Itaú BBA divulgou na terça-feira (7) que o Idat, seu índice de atividade econômica com foco no varejo, cedeu 1,8% entre novembro e dezembro.

Para o banco, o intenso fluxo de notícias sobre alta do dólar e inflação dos alimentos pode estar afetando a confiança do consumidor.

“É difícil distinguir ruído de sinais”, comentou o BBA, acrescentando ser “crucial monitorar tendências nos próximos meses”.

Contudo, outros medidores segmentados apontam na mesma direção.

A Cielo, maior empresa de cartões do País, relatou que as vendas no varejo em dezembro caíram 2,3% ano a ano, descontada a inflação.

Segundo Carlos Alves, vice-presidente de negócios da Cielo, a inflação pode ajudar a explicar a queda.

“O resultado só não foi mais negativo devido ao impacto positivo do Natal, bem como ao desempenho dos setores de turismo e transportes e recreação e lazer”, comentou Alves.

Queda de indústria e comércio após alta de dólar e juros

O próximo indicador que pode ajudar e afinar as expectativas do mercado é o IBC-Br de novembro.

O Banco Central divulga o dado, que é uma espécie de prévia do PIB, na segunda-feira (16).

Os dados até agora vieram na esteira de uma escalada do dólar e da Selic.

A moeda norte-americana fechou 2024 com alta de 27%, na maior valorização sobre a divisa brasileira desde 2020.

Para tentar conter uma escalada de preços, o Banco Central começou em setembro a elevar a Selic, então em 10,5% ao ano.

Desde então, a taxa básica de juros subiu para 12,25%. Os diretores do órgão já sinalizaram que a Selic deve subir ao menos até 14,25% anuais.

Nesse sentido, economistas preveem que o juro básico deve subir ainda mais nos próximos meses, podendo superar 15% ao longo do ano.

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