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IF HOJE: Era ilusão acreditar que o risco fiscal tinha diminuído?
A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios ainda tem que ser aprovada no Senado, mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já faz contas de como pretende usar parte da folga fiscal que será gerada no Orçamento para reajustar os salários dos servidores federais em 2022. Bolsonaro não deu detalhes, mas sinalizou ter acertado com o ministro da Economia para viabilizar o aumento do funcionalismo público no ano eleitoral. “A inflação chegou a dois dígitos, então conversei com o Paulo Guedes. Em passando a PEC dos Precatórios, tem que ter um pequeno espaço para dar algum reajuste. Não é o que eles merecem, mas é o que nós podemos dar. A todos os servidores federais, sem exceção”, disse.
Depois de um ciclo de divulgações de indicadores que mostraram uma piora da economia brasileira, a promessa do presidente reacende no mercado financeiro o temor de um descontrole do quadro fiscal que parecia já ter sido precificado na aprovação da PEC na Câmara. A avaliação é que o presidente, de olho na reeleição, não vai se contentar apenas na iniciativa que limita o pagamento dos precatórios, muda o teto de gastos e garante recursos para pagar um Auxílio Brasil de R$ 400. “Era ilusão acreditar que o desarranjo fiscal iria parar. O governo que se dispõe a quebrar o teto de gastos, vai fazer mais”, afirma Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados. “O governo não quer poupar. Ele conseguiu acomodar os problemas e vai avançar no que conseguir aumentar de gastos”, acrescenta.
Por que importa?
O que o mercado deve observar a partir de agora é como o desejo do presidente de elevar os salários do servidores irá sair do papel e os efeitos gerais. Para Sérgio Vale, a mensagem que a gestão federal passa é a de que não tem mais intenção de aprovar as reformas. “Nem a tributária nem a administrativa”, comenta. “Sem chance de acontecer qualquer mudança que mexa no bolso ou nos direitos dos trabalhadores federais”, reforça.
Outro ponto sensível é a “bomba fiscal” que um reajuste aproveitando o embalo da PEC dos Precatórios pode deixar para o futuro. “Você vai criar uma despesa permanente para o governo que assumir em 2023”, avalia. “A consequência é muito ruim. Quem pode pagar o pato é a população, com mais inflação, juros mais altos e um crescimento menor do PIB”, afirma. Já para as empresas, a dor de cabeça pode ser um aumento da carga tributária.
Como afeta seus investimentos?
A última turbulência provocada pelas incertezas fiscais fez a Bolsa de Valores atingir o menor patamar do ano, aos 103.412 pontos, em 4 de novembro. Ou seja, o mercado, não só a Bolsa, reage mal quando o governo abandona a responsabilidade fiscal para abraçar a agenda populista. A perspectiva da Selic e da inflação em dois dígitos torna atrativo investimentos em renda fixa, especialmente títulos atrelados ao IPCA.
Fique por dentro
Touro de ouro
O mercado financeiro brasileiro começou a terça-feira (16) digerindo os números do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), do Banco Central, que registrou uma contração de 0,27% em setembro em relação a agosto, reforçando o pessimismo sobre a velocidade da retomada pós-pandemia de Covid-19. Mas logo outro assunto passou a dominar as conversas: a inauguração de uma escultura de um touro dourado na frente da sede da Bolsa de Valores brasileira, a B3, no centro de São Paulo. A obra, do artista plástico Rafael Brancatelli, é um presente do influencer do mercado financeiro Pablo Spyer, dono do bordão “Vai, tourinho!”.
Dinheiro na economia
Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offer Wise Pesquisas, estima que 123,7 milhões de pessoas devem ir às compras de presentes de Natal, com potencial para injetar aproximadamente R$ 68,4 bilhões na economia. Entre os itens mais citados no levantamento, 61% afirmam que pretendem comprar roupas, 37% brinquedos, 36% perfumes/cosméticos, 36% calçados e 24% acessórios. A internet (45%) será o principal local de compra dos consumidores na data, em seguida aparecem as lojas de departamento (43%) e o shopping center (40%).
Mercado de trabalho
Uma sondagem da Serasa Experian, feita em setembro para medir a expectativa das micro, pequenas e médias empresas, apontou que 64,6% delas apostam no melhor faturamento de seus negócios com o aumento das vendas nos próximos meses com a Black Friday e o Natal. Com um cenário mais otimista em relação ao mesmo período de 2020, 48,1% das MPMEs pretendem ou já contrataram novos funcionários para atender a demanda esperada até o fim do ano. De acordo com a pesquisa, o segmento da indústria foi o que mais pensou nisso e já vem contratando novos funcionários (52,5%). Em seguida, com 45,4%, vem o segmento de serviços e, na sequência, o comércio, com 33,5%.
Para prestar atenção hoje
7h: inflação ao consumidor de outubro na Zona do Euro
10h30: novas construções de moradias em outubro nos Estados Unidos
12h30: relatório atualizado dos estoques de petróleo bruto nos Estados Unidos
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