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Haddad nega ‘mal-estar’ com EUA na viagem de Lula à China
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou nesta sexta-feira um mal-estar com os EUA na viagem de Lula à China. Ele fala em “restabelecer” investimento americano no Brasil e diz que chineses estão interessados em investir em setores como infraestrutura, mobilidade e comunicação.
“Não temos intenção de nos afastar de nenhuma parceiro comercial, sobretudo da qualidade dos EUA. Nós estamos fazendo um esforço de aproximação, queremos investimentos do EUA no Brasil. Na verdade, estamos vivendo quase uma momento desinvestimento, pois algumas empresas americanas deixaram no governo passado [de atuar] no Brasil. Queremos reestabelecer as melhores relações”, disse Haddad a jornalistas na China.
O ministro também defende o fortalecimento e ampliação do Mercosul, com a entrada da Bolívia, por exemplo. Segundo ele, há “melhores condições” para negociações em bloco com EUA, União Europeia e China.
“O desafio que o presidente Lula colocou em todas as reuniões com as empresas e com o próprio governo [chinês] foi intensificarmos os estudos de viabilidade de reindustrializar o Brasil, em parceria com o capital chinês. Não há nenhuma preferência do Brasil [na negociação com diferentes países]. Pelo contrário, queremos ampliar ao máximo as parcerias.”
Padilha minimiza afago de Lula à China
Em encontro com empresários brasileiros e americanos em São Paulo, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez um balanço sobre os primeiros cem dias do governo Lula, destacando o apoio político recebido dos Estados Unidos, e minimizou os afagos do presidente à China.
Em visita ao país asiático, Lula discursou contra a predominância do dólar no comércio bilateral entre os emergentes, além de defender o fortalecimento dos BRICS, discurso que contraria os interesses americanos.
“Expandir a relação com a China não afeta a nossa relação com os Estados Unidos, essa é uma característica da política externa brasileira”, afirmou Padilha, citando os mandatos anteriores do presidente Lula (entre 2003 e 2010), quando o Brasil se beneficiou economicamente graças à China e ainda manteve boas relações com Washington.
Padilha reconheceu as disputas comerciais e geopolíticas entre os países, mas disse que o tema não está entre as preocupações dos empresários (brasileiros ou americanos) que se reuniram com ele. O ministro participou de uma reunião com mais de 70 executivos de multinacionais brasileiras e americanas na sede da Amcham (abreviatura em inglês da Câmara Americana de Comércio para o Brasil) em São Paulo.
Além de agradecer o apoio americano à democracia brasileira, lembrando a atitude do presidente Joe Biden após a intentona bolsonarista de 8 de janeiro, Padilha citou as oportunidades de negócios entre os dois países, ressaltando setores como energia, tecnologia e a agenda sobre as mudanças climáticas.
Na sua primeira viagem internacional como presidente, neste terceiro mandato, Lula visitou Biden em Washington no início de fevereiro. Na ocasião, o brasileiro pediu mais investimentos americanos no Brasil e na América Latina. No encontro dessa sexta, Padilha fez coro ao presidente.
O ministro também citou o renascimento do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, como “excelente” oportunidade para estreitar os laços comerciais entre Brasil e Estados Unidos. O conselho existiu nos dois mandatos anteriores do petista e agora será coordenado por Padilha. A primeira reunião do grupo, que será aberto a centenas de empresários e representantes da sociedade civil, vai acontecer no dia 4 de maio.
Por fim, Alexandre Padilha considerou uma boa notícia para a governabilidade de Lula a formação de um segundo superbloco na Câmara dos Deputados, formalizado ontem e composto por nove partidos e mais de 170 parlamentares. Segundo ele, os impactos serão positivos na tramitação do arcabouço fiscal, prevista para começar ainda neste mês. “Os blocos podem contribuir para o diálogo, pois eles são formados também por deputados da oposição. O cenário no Congresso é bom. Até agora, aprovamos tudo que precisávamos aprovar”, disse.
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