Trump, juros e dólar: o que a guerra comercial muda para seu dinheiro? Economista-chefe da Gávea responde
Os primeiros 100 dias de Donald Trump estão muito piores do que o pior dos cenários imaginados pelos economistas e pelos investidores antes de sua posse na presidência dos Estados Unidos. Essa é a opinião de Andrew Amadeo, economista-chefe da Gávea Investimentos, a gestora de Armínio Fraga.
Para Amadeo, “Trump está conseguindo se suplantar no ziguezague” de políticas econômicas. Um exemplo é o recente episódio das tarifas de importação. Isso traz impactos para o dinheiro das pessoas no mercado – inclusive dos R$ 17 bilhões que a Gávea administra. E mexe com as apostas dos investidores sobre juros (quando o Banco Central vai parar de subir a Selic?), ou sobre o patamar do dólar.
Edward Amadeo, que foi ministro do Trabalho de Fernando Henrique Cardoso entre os anos de 1998 e 2001, foi entrevistado pelo PodInvestir, podcast original da Inteligência Financeira.
Ele é o terceiro entrevistado da série que avalia os impactos dos 100 primeiros dias de Trump para a economia, os mercados financeiros e o bolso dos investidores. O primeiro foi Bruno Serra, ex-diretor do BC e atual gestor dos fundos Janeiro. E o segundo foi José Rocha, da Dhalia Capital.
A entrevista já está disponível no Youtube, aqui, no Spotify, aqui, ou em sua plataforma preferida de vídeo ou áudio. A conversa aconteceu no último dia 8 de abril, no bairro do Leblon, endereço tradicional das gestoras cariocas, como é o caso da Gávea.
Recessão
Para o gestor, formado pela PUC-Rio, as manobras do presidente Donald Trump vão levar o mundo a uma recessão importante daqui pra frente. “Quiçá uma recessão, tanto na Ásia, quanto nos Estados Unidos, quanto na Europa”, diz.
“Se isso acontecer”, ele infere, “evidentemente, os juros globais vão cair e isso favorece a redução de juros no Brasil também”, conta.
Todo mundo perdido
Andrew Amadeo destaca que, neste momento, economistas e investidores estão sob suspense, esperando para ver o que vai acontecer. Donald Trump capturou a pauta da economia e tem movimentando o curso dos negócios com suas idas e vindas.
“Nem o banco central americano tem a menor ideia do que vai fazer neste momento”, diz. Segundo ele, existem duas forças jogando em direções completamente opostas atualmente. “Muito provavelmente a economia americana desacelera bem. A taxa de desemprego pode subir. Mas muito provavelmente também a inflação americana vai fechar entre 4% e 5% este ano”, afirma.
“Então, você tem um banco central que está vendo o desemprego subir. Em princípio, favoreceria o corte. Mas, em compensação, a inflação está subindo. Vai cortar nessas circunstâncias? É uma decisão difícil”, destaca.
Série 100 dias de Trump
O PodInvestir está no meio de uma série que avalia os 100 primeiros dias de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.
Confira abaixo o primeiro episódio da série, com Bruno Serra, ex-diretor do BC e atual gestor dos fundos Janeiro.
E, abaixo, o segundo episódio, com José Rocha, diretor de investimentos da Dhalia Capital.
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