Google versus ChatGPT: a guerra dos buscadores que chama atenção no mercado de tecnologia

As pessoas vão continuar dando credibilidade às respostas se sua objetividade for comprometida pelos anúncios? Eis a questão

Voltou a ficar em alta uma série de 2021 da Netflix que conta a história de uma Batalha Bilionária. Em 1990, dois alemães inventam uma maneira nunca antes vista de observar o mundo. Um tempo depois, o Google lançou o Google Earth e começou a guerra dos mapas.

Desde que o mundo se acostumou com a vida acompanhada da internet, o mecanismo de busca é a porta de entrada para todos os interesses.

Ao longo dessa jornada de inclusão de digital, procurar na internet virou um hábito. Para não parecermos preguiçosos, buscamos no Google antes mesmo de perguntar ao amigo do lado. Google não é apenas uma marca conhecida; é um verbo. Googlar, dar um google. Onde fica a loja? Como trocar a resistência do chuveiro? Como investir na bolsa?

Por ser uma grande vitrine, o Google moldou todo seu serviço de pesquisa para rentabilizar através dos anúncios. Enquanto as redes sociais cresciam pela interação das pessoas, o Google tem um modelo diferente – que eventualmente foi replicado pelas redes sociais. Quer que sua loja de doces apareça nos resultados antes da doceria mais famosa da cidade? Pague pelo anúncio. É muito mais barato que um outdoor na estrada.

O mecanismo de busca do Google ainda é o negócio principal do grupo Alphabet, que por sua vez, é uma das empresas mais valiosas do mundo, com receita de US$ 283 bilhões no ano passado e valor de mercado de cerca de US$ 1,3 trilhão.

Durante todo este tempo, vimos o comportamento do usuário mudando e, consequentemente, as plataformas foram se adaptando. Quando as pessoas estavam loucas para saber qual era a marca do vestido que a Jennifer Lopez usou no Grammy Awards de 2000, o Google lançou o Google Imagens.
Atualmente, o YouTube – que também é uma empresa do grupo Google – é o segundo maior buscador da internet.

Ora, é muito menos maçante e mais memorável assistir a um vídeo sobre a 2ª Guerra Mundial do que ler sobre. Assim, o YouTube evoluiu de videoclipes de música para vídeos de “Como fazer” e “5 dicas para tal coisa”.

Nova Batalha tecnológica e a ascensão da inteligência artificial

33 anos depois da guerra pelo Google Earth, vemos uma nova batalha se iniciar.
O TikTok surgiu e viralizou durante a pandemia unindo ambas as interações: socialização que já era comum desde MSN e Orkut, com o mecanismo de pesquisa que consolidou o Google, adaptando tudo ao imediatismo obrigatório do nosso tempo.

Mas em tecnologia ainda não vimos algo que seja tão resiliente a ponto de não se abalar com concorrentes. A gigante IBM já liderou a computação empresarial. A Nokia já foi líder em telefones celulares. Hoje em dia, os líderes são outros.

Em 2023, a pauta quente da tecnologia é a guerra do Google versus Chat GPT. O Chat GPT não é o único mas fez seu nome por ser vanguardista. Chatbots alimentados por inteligência artificial (IA) geram respostas prontas. Esqueça tudo que você já ouviu sobre dialogar com uma máquina. Não é o mesmo robô do telemarketing que mais atrapalha que ajuda.

Quem já teve a experiência de utilizar o ChatGPT desenvolvido pela OpenAI se surpreendeu. Após dois meses do lançamento, o ChatGPT já tinha adesão de mais de 100 milhões de pessoas, tornando-se o “aplicativo de crescimento mais rápido da história”, segundo o banco UBS.

O diferencial vai muito além do uso pelas pessoas. Empresas que divulgaram serem usuárias do ChatGPT apreciaram seu valor de mercado. A IA já vem sendo usada nos bastidores em muitos produtos.
O Bing, produto da Microsoft concorrente ao Google Search, foi beneficiado. Mais de US$ 11 bilhões foi aportado na startup OpenAI, dona do ChatGPT, pela Microsoft aprimorando o mecanismo de busca do Bing ao incluir o ChatGPT.

Segundo informado pela revista The Economist, o Google anunciou o Bard, seu próprio chatbot além de adquirir a participação de US$ 300 milhões na Anthropic, uma startup fundada por ex-funcionários da OpenAI que desenvolveu um chatbot chamado Claude. As ações do Baidu, popularmente conhecido também como “Google da China”, subiram muito quando a empresa anunciou que lançaria em março seu próprio chatbot, o Ernie.

Impactos no modelo de negócio do Google

O futuro do lucrativo negócio de anúncios vai depender das escolhas morais, monetização e economia monopolista da inteligência artificial.
O Google havia postergado o lançamento de seu chatbot próprio por preocupar-se com como a ferramenta irá se comportar com preconceitos, pedido de diagnóstico médico e desinformação. Pelo momento de mercado, as coisas mudaram. A Microsoft agora também se forçou a agir.

Como será o futuro com os chatbots

Como será que esse novo formato irá se comportar? Os chatbots irão cobrar para influenciar as respostas, para eventualmente incorporar links para os anunciantes?

Se você pedir hoje ao ChatGPT para te recomendar um carro, ele responderá que existem muitas marcas boas e que vai depender das suas necessidades. Futuros chatbots poderão estar, digamos, mais dispostos a fazer uma recomendação. Mas as pessoas vão continuar dando credibilidade às respostas se sua objetividade for comprometida pelos anúncios? Eis a questão.

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