As acusações de crime de guerra contra a Rússia aumentaram nesta segunda-feira, após a divulgação pelo governo ucraniano de imagens de cadáveres abandonados em subúrbios de Kiev, sobretudo em Bucha, a 37 quilômetros da capital, no domingo, em um indício de massacres cometidos por forças russas.
Em um comunicado no qual condena as supostas execuções de civis, a União Europeia (UE) disse que prepara com urgências novas sanções para punir Moscou.
Em nome do bloco de 27 países, Josep Borrell, o principal diplomata da UE, responsabilizou “as autoridades russas por essas atrocidades, cometidas enquanto detinham o controle efetivo da área”. A nota diz que “a UE continuará a apoiar firmemente a Ucrânia e avançará, com urgência, no desenvolvimento de novas sanções contra a Rússia”.
O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu a proibição das importações de carvão e petróleo da Rússia, avaliando que pode ser possível conseguir um consenso entre os países europeus para aprovar essa medida. No entanto, ele não pediu um embargo ao gás russo, crucial para países como Alemanha e Itália.
“Há indícios muito claros de crimes de guerra”, disse Macron em entrevista a uma rádio francesa.
“O que aconteceu em Bucha exige uma nova rodada de sanções e medidas muito claras. Então, vamos coordenar isso rapidamente com nossos parceiros europeus, especialmente com a Alemanha.”
Embaixadores da UE devem discutir um novo pacote de sanções à Rússia na quarta-feira. O bloco, atualmente presidido pela França, até agora só se comprometeu a reduzir as importações da energia russa, temendo o impacto de uma proibição total sobre as economias da região.
As imagens, que foram divulgadas por autoridades ucranianas e ainda não puderam ser verificadas por fontes independentes, motivaram críticas de vários outros líderes internacionais, do Japão à Espanha. A Missão de Monitoramente de Direitos Humanos da ONU na Ucrânia informou que está pedindo acesso a Bucha para investigar as denúncias.
O Ministério da Defesa da Rússia rejeitou os relatos de assassinato generalizado de civis em Bucha, chamando-os de “outra provocação” do lado ucraniano. Moscou disse que nenhum morador local sofreu violência enquanto Bucha estava sob controle russo.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que especialistas do Ministério da Defesa russo detectaram “sinais de fraudes e falsificações de vídeo”. Ele disse que o assunto deve ser discutido no mais alto nível possível.