Influência no PIB, nos investimentos e na bolsa: conheça os impactos da alta de juros pelo Copom

Empresas citadas na reportagem:
Foi apenas a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano. E a primeira sob o comando de Gabriel Galípolo, novo presidente do Banco Central. Mas o encontro do colegiado que aumentou a taxa Selic para 13,25% ao ano deu pano pra manga da economia brasileira. Há impactos no PIB e nos investimentos. E quem diria: a bolsa que deveria cair até subiu. O ano começou finalmente no Brasil.
Começamos pelos investimentos. As conhecidas LCI, LCA e outros instrumentos de crédito privado ganham atratividade. No curto prazo. Mas aí pode haver uma pegadinha. Selic a 13,25% representa inflação alta. E juros reais ainda mais altos. Com isso, o risco de crédito das empresas aumenta. E isso pode aumentar o prêmio no crédito privado. A Inteligência Financeira fez uma reportagem sobre o assunto e explica tudo aqui.
A mesma logica de investir no curto prazo aplica-se ao Tesouro Direto. O investimento também ganha corpo com o aumento da taxa básica de juros da economia. E aqui tanto faz se é o prefixado quanto o IPCA+. Importante ponderar que todas essas recomendações surgiram a partir de entrevistas com especialistas.
E teve a bolsa de valores subindo quase 3% na semana
Mas como ponderou com precisão e propriedade o repórter especial da Inteligência Financeira Aluísio Alves a literatura econômica sugeriria queda na bolsa de valores por conta da nova Selic. Afinal, juro alto é ruim para as empresas. Mas não foi o que aconteceu, pelo menos na quinta-feira. Na sessão imediatamente posterior ao Copom, o Ibovespa quase subiu 3% em um dia.
O movimento levou a bolsa a chegar aos 126 mil pontos pela primeira vez no ano – no primeiro dia útil do mês o índice rondava a casa dos 120 mil. Não é trivial e como tudo há uma explicação. Assim, a primeira é que se dissipou um receio. A dúvida em torno de como Galípolo conduziria o Banco Central.
Ele manteve o combinado. Aumentou 1 ponto percentual da Selic. Mostrou Galípolo então que o BC está atento com a inflação. Então, as declarações do presidente Lula reforçaram a responsabilidade com a economia. E, de quebra, valorizações das duas principais empresas da bolsa – Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) ajudaram.
Haddad preocupado com o PIB
Assim, em entrevista à Rede TV, o ministro da Fazenda Fernando Haddad indicou preocupação com a elevação de juros e seu efeito no Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com ele, a taxa de 13,25% ao ano já é restritiva. E já está assim no patamar que desacelera a economia. O PIB para 2025? Haddad entende que deve ser 2,5% de crescimento.
Assim, diante desse raciocínio a restrição vai aumentar. O Copom ainda deve aumentar a Selic em mais um ponto percentual. A taxa chegaria a 14,25% ao ano e aí sim poderia abrir espaço para diminuir o ritmo a partir de maio. Por enquanto, vale esperar cenas dos próximos capítulos.
Mas o ano começou pra economia e investimentos, isso começou.
Com reportagens de Raphael Coraccini, Pedro Knoth e Aluísio Alves