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Em reunião com BC, economistas veem aceleração no ritmo de aperto da Selic
Em um cenário de economia superaquecida, expectativas de inflação fora da meta de 3% e uma política fiscal expansionista, economistas indicaram que o Banco Central (BC) precisa sinalizar com mais clareza que o ritmo de elevação da Selic deve acelerar a partir de novembro — algo que já consta nos cenários de boa parte das instituições de mercado.
A recomendação foi feita nesta sexta-feira por participantes do primeiro grupo da 97ª reunião trimestral entre economistas de mercado e diretores do BC.
A reunião foi conduzida pelos diretores de política econômica do BC, Diogo Guillen, de assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos, Paulo Picchetti, e de organização do sistema financeiro e resolução, Renato Dias Gomes.
Debate mais local
Segundo participantes do evento, os membros do Copom pareceram mais interessados em fomentar o debate sobre assuntos locais do que sobre os externos.
Houve perguntas sobre as expectativas para a dinâmica do crédito local e também sobre as projeções de impulso fiscal.
De acordo com um dos participantes do encontro, houve uma convergência clara de que a atividade econômica brasileira está cada vez mais forte e, sem um freio de arrumação mais agressivo do BC, a inflação tende a piorar ainda mais.
“Está muito claro o que o BC deveria fazer diante disso: promover um ciclo de aperto [monetário] bastante pronunciado e longo, pra desacelerar a demanda e reduzir os custos”, diz.
Este participante, inclusive, disse ter saído da reunião “mais preocupado do que entrou”, vendo a possibilidade de que o Banco Central tenha de entregar um ciclo ainda mais extenso de elevação de Selic.
Ciclo de alta da Selic pode ser maior que o esperado
O ciclo pode superar até mesmo o nível precificado de aperto na curva de juros no momento, que aponta para uma Selic entre 12,5% e 12,75%.
Para ele, no entanto, há uma desconfiança velada quanto à função de reação da próxima diretoria da autarquia, que será presidida pelo atual diretor de política monetária, Gabriel Galipolo.
“Tem um debate sobre se, em um contexto de baixa credibilidade e expectativas fiscais incertas, o impacto da desaceleração de gastos na inflação seria significativo. Houve o reconhecimento que teremos uma desaceleração de gastos no ano que vem, mas o impacto só seria sentido com a implementação de medidas estruturais”, diz uma outra fonte que participou da reunião.
Necessidade de um ‘duplo ataque’
Na visão deste participante, apenas em caso de um “duplo ataque” — isto é, um aperto da política monetária ao mesmo tempo em que o governo anunciaria medidas para contenção das despesas obrigatórias — é que poderiam existir efeitos mais diretos nas expectativas de inflação.
“Pela média das pessoas que se pronunciaram, senti que o ciclo seria de 1,25 a 1,5 ponto percentual para cima. Olhando para as projeções do próprio modelo do BC, parece que o ciclo seria algo mais significativo do que está no Focus. Assim, ficou a sugestão, entre os participantes, de que o BC deveria sinalizar uma aceleração do ritmo, já que fazer 1,5 ponto a 2 pontos percentuais de alta em um ritmo de 0,25 ponto iria levar muito tempo. Teve essa sugestão de deixar um pouco mais claro que o ritmo de 0,25 ponto inicial não é o preferido do comitê para frente”, afirmou.
Em relação à elevação da nota de crédito soberana do Brasil pela Moody’s, os participantes da reunião comentaram apenas de passagem, de acordo com essa fonte.
“Ninguém deu muito peso do ponto de vista de sinalização. A própria Moody”s deixou claro que é um certo voto de confiança. O mercado parece que está cético e não vai antecipar nada, em termos de preços, enquanto as medidas não forem anunciadas.”
Com informações do Valor Econômico
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