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‘Tarifaço’ de importação, cortes de impostos e mais: quais devem ser as primeiras medidas de Trump?
Os eleitores americanos reelegeram Donald Trump nos Estados Unidos. Com isso, Trump se torna o 47º presidente eleito dos EUA. Então, a vitória do republicano veio, em grande parte, devido à insatisfação do eleitor americano com a economia sob o presidente democrata Joe Biden.
Assim, há entre os americanos um sentimento de ‘nostalgia econômica’, como observaram alguns analistas. Este sentimento está relacionado ao período de baixa inflação, sobretudo no período recente pré-pandémico, associado ao primeiro mandato de Trump.
Trump foi sagaz ao detectar este sentimento americano e alimentar entre os eleitores esperanças com seu plano econômico que envolve novas tarifas e cortes de impostos.
As tarifas que Trump propõe agora são mais amplas e mais elevadas, em relação às implementadas no seu primeiro mandato. Já os cortes fiscais serão direcionados de forma mais restrita.
O que dizem os analistas?
A visão majoritária entre economistas e investidores que operam nos Estados Unidos é de que as tarifas exercerão uma pressão ascendente sobre a inflação. Enquanto isso, as reduções fiscais poderão estimular o crescimento e aumentar os déficits, tendendo em conjunto a aumentar as taxas de juro nos Estados Unidos. Há quem diga o contrário, havendo espaço para queda nos juros.
Nos últimos dias, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de longo prazo já aumentavam, precificando as expectativas em torno da vitória de Trump, agora confirmada.
O ‘tarifaço’ vem primeiro
Trump assume a Casa Branca no dia 20 de janeiro. Muito provavelmente uma de suas primeiras ações será anunciar um novo pacote tarifário.
No seu primeiro mandato, decorreram 11 meses entre o início do processo contra a China e a imposição de tarifas. Agora, no entanto, o partido republicano deve ficar com a maioria no Senado e na Câmara. Isso não ocorria desde o final dos anos 60.
Esta configuração no legislativo dá a Trump a possibilidade de acelerar a implementação de algumas medidas que defende, caso do tarifaço.
Durante a campanha, Trump falou em tarifas mais elevadas, em relação ao primeiro mandato. Ele falou em aumento de pelo menos 60% sobre produtos da China e entre 10% e 20% sobre importações vindas de outros países.
Caso esses patamares se confirmem, seria o nível tarifário mais alto desde a década de 1930, afirmam analistas.
Qual o impacto do ‘tarifaço’ proposto por Trump?
O Morgan Stanley estima que o plano de ‘60% e 10% de Trump’ aumentaria os preços ao consumidor nos EUA. No entanto, segundo os analistas do Morgan Stanley, trata-se de um efeito pontual. Eventualmente, a inflação deverá regressar à sua tendência subjacente.
Os analistas do Goldman Sachs pensam que Trump aumentaria as tarifas sobre a China em 20%, e não 60%. Além disso, para o Goldman Sachs, Trump não imporia tarifas generalizadas a outros países.
Nesse cenário, afirmam os analistas do Goldman Sachs, a inflação, excluindo alimentos e energia, poderia cair dos atuais 2,7% para 2,3% ao ano. Neste caso, estaria bem próxima da meta de 2% perseguida pelo banco central dos EUA, o Fed.
Nestas condições, o Fed manteria sua agenda de reduzir as taxas de juro nos EUA.
E o efeito sobre o dólar?
Os analistas também veem um impacto sobre o dólar, que poderá subir. Isso como forma de compensar os preços de importação mais elevados.
O CEO do banco Itaú, Milton Maluhy, afirmou na terça-feira (5) que a vitória de Trump fortaleceria o dólar e enfraqueceria moedas de países emergentes, incluindo o real.
Na prática, isso significaria mais pressão sobre a inflação e no ciclo de alta de juros no Brasil.
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