Conflito entre Rússia e Ucrânia pode elevar preços no Brasil; entenda

Nervosismo dos mercados financeiros pode trazer mais pressão inflacionária ao Brasil

Forças militares ucranianas movem mísseis fabricados pelos EUA em Kiev (Foto: Sergei Supinski/AFP)
Forças militares ucranianas movem mísseis fabricados pelos EUA em Kiev (Foto: Sergei Supinski/AFP)

A tensão entre Rússia e Ucrânia arrefeceu um pouco, mas ainda parece estar longe de um desfecho rápido e pacífico, oferecendo um risco para a economia global, inclusive a brasileira. Nesta segunda-feira (14), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a retirada de parte das tropas da fronteira com a Ucrânia, uma sinalização da possibilidade de um acordo vista com ressalvas pelos demais países.

Quanto mais incerteza geopolítica, mais incerteza nos mercados. Desde a semana passa as principais Bolsas globais refletem o medo de investidores em torno da tensão na Europa. A Bolsa brasileira, porém, teve sua quinta alta consecutiva nesta segunda.

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O Ibovespa, principal índice acionário do Brasil, é impulsionado pela alta das commodities em reflexo do possível conflito na Ucrânia. Nos últimos dias, os preços do gás natural e do petróleo têm subido, puxando as ações da Petrobras, por exemplo.

O problema para o consumidor brasileiro é que tais commodities já estavam em patamares elevados por problemas de produção na Líbia e conflitos na Bielorrússia pressionando a inflação global.

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“É tudo o que não precisávamos agora. É tudo muito instável, mas um dos efeitos imediatos para o mundo é o aumento de incerteza e já tínhamos incerteza em torno da normalização monetária nos países desenvolvidos”, afirma Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Tanto a alta de juros nos Estados Unidos como a tensão na Ucrânia podem fortalecer o dólar, um dos ativos mais buscados por investidores em tempos incertos. Com a alta do petróleo, se a moeda americana se fortalecer ante o real, a pressão inflacionária no Brasil fica ainda maior.

“Já estávamos em um cenário desafiador pela desestabilização das cadeias e podemos ter mais aumentos [de preços], mas é difícil de cravar”, diz Gabriel Diniz Junqueira, analista da Santa Fé Investimentos.

Por enquanto, ainda há entrada de capital estrangeiro no Brasil dado o ciclo de alta de juros local, o que tem levado à queda do dólar. Este movimento se contrapõe à alta no preço do barril de petróleo, reduzindo a pressão sobre um eventual aumento de combustíveis por parte da Petrobras. No entanto, caso o cenário internacional piore, a moeda americana pode voltar a ganhar força ante o real.

“O aumento do petróleo pode ser de curtíssimo prazo, mas se o conflito se concretizar é possível que tenhamos a continuidade da pressão inflacionária, com o aumento das commodities”, diz Junqueira.

Ambos os especialistas apontam que o efeito mais provável deste conflito é a alta nos preços de suprimentos agrícolas, que também já vinham pressionados. Segundo Junqueira, devemos sentir o impacto desta alta na próxima safra brasileira, já que a atual está perto da colheita.

Mesmo com tantos fatores de risco para a inflação, os analistas dizem que ainda é cedo para contar com preços mais altos, dado que o mundo vive um ciclo de alta de juros.

A recomendação para os investidores é aguardar. “É preciso entender que estamos passando por um período de maior volatilidade nos mercados, que deve se intensificar por conta dessas notícias”, afirma Junqueira.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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