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Como pensa Magda Chambriard, nova presidente da Petrobras (PETR4), sobre temas da indústria de óleo e gás
Empresas citadas na reportagem:
Defensora da atuação da Petrobras (PETR4) na exploração e produção e do papel da empresa como indutora do desenvolvimento no país, a engenheira civil Magda Maria Regina Chambriard assume a Petrobras com a missão de acelerar investimentos em áreas em que a empresa se desfez de ativos no passado recente, como refino e fertilizantes.
Chambriard foi uma das integrantes da equipe que formulou propostas de campanha para a área de energia do então candidato e hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conhece bem, portanto, os temas do setor.
Chambriard assume uma Petrobras diferente da que conheceu quando atuou na companhia, entre 1980 e 2002. Depois desse período, a executiva foi cedida à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), instituição em que foi diretora, em 2008, e assumiu a diretoria-geral em 2012.
À frente da ANP, Chambriard defendeu a política de conteúdo local e foi crítica do plano de desinvestimentos que a estatal promoveu na última década como forma de reduzir o elevado endividamento que garantiu à estatal o título de “empresa com a maior dívida corporativa do mundo”.
Após ser empossada na presidência da companhia, Chambriard disse em seu perfil na rede social LinkedIn: “Reafirmo meu compromisso com o crescimento contínuo da nossa indústria.”
Confira algumas das ideias da executiva a partir de textos que ela mesma escreveu em revistas especializadas e em entrevistas concedidas antes de ser indicada para a presidência da Petrobras pelo presidente Lula, em 14 de maio.
“Do consumo [total] de energia no mundo, 84% ainda são resultantes dos combustíveis fósseis. Com esses números, é fácil concluir que ainda precisaremos contar com o petróleo. Não tem como dar cavalo de pau em um transatlântico. O Rio de Janeiro ainda vai contar com essa receita e com essa indústria por algumas décadas.”
para o canal Alerj Digital, no YouTube, publicada em 13 de agosto de 2021.
“O Rio de Janeiro é um Estado que está abraçado com o [Oceano] Atlântico e alocando uma indústria de petróleo que acontece no mar. Nesse cenário, precisamos muito de ter o apoio da indústria naval. O setor naval é importante porque a atividade petroleira do Estado do Rio de Janeiro acontece no mar. Serão plataformas que, na verdade, são grandes navios com plantas de processos, barcos de apoio… toda uma economia voltada para o mar. Vamos precisar de toda uma infraestrutura portuária atualizada, inclusive os terminais para tancagem de petróleo e derivados.”
para o canal Alerj Digital, publicada em 13 de agosto de 2021 no YouTube.
“Na exploração e produção, apesar de ter sido cancelada a venda do Pólo Bahia, importante para a economia da região, nada se menciona em relação a investimentos nas bacias terrestres maduras, como também não fala no fomento à construção de bens e serviços no Brasil. Fala-se da entrada em produção de 14 novas plataformas no quinquênio, mas não se menciona a possibilidade de construção de pelo menos uma pequena parte dos mais de 40 barcos de apoio que serão necessários para a operacionalização da produção nessas plataformas. Falta de expertise em um país que já fez mais de duas centenas de barcos de apoio?
para a revista Brasil Energia, em 27 de novembro de 2023.
“A produção de gás do país não para de crescer. No mês de janeiro [de 2023] o país produziu 143 milhões de metros cúbicos por dia (m³) de gás natural, um volume mais do que suficiente para atender a toda a demanda do país (…) e todo esse gás nacional não consegue chegar completamente ao consumidor final por falta de infraestrutura de escoamento, de transporte e de distribuição. O governo, em 2019, entendeu que esse mercado de gás é monopsônico como produtor, oligopsônico como distribuidor e detentor do terceiro gás mais caro entre as referências de preço da Europa.”
do Caderno FGV Energia de Gás Natural, em 23 de março de 2023, um ano após a criação do chamado “Novo Mercado de Gás”, que culminou na atualização do marco regulatório do setor de gás natural. O lançamento do caderno contou com a presença do então presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que havia assumido a empresa dias antes.
“O elevado montante despendido com importações de derivados fez que, à época das descobertas do Pré-Sal, se pretendesse ampliar a capacidade de refino do país, para agregar valor ao cru brasileiro e mitigar os grandes desembolsos decorrentes da importação de derivados (…) Em 2016, a agência alertava para a crescente dependência dessas importações e seu impacto na balança comercial e na logística portuária. (…) É nesse contexto que se vê com bons olhos o compromisso Petrobras de expansão do Parque de Refino Nacional, contemplando expansão de capacidade no Nordeste, conforme expresso em seu planejamento estratégico 2024-2028.
“O Brasil é um país continental, carente de cada vez mais energia para seu crescimento. Ou amplia-se a capacidade de processamento do petróleo cru e agrega-se valor a ele no Brasil (diga-se de passagem, que foi assim que a Petrobras cresceu) ou estar-se-á desembolsando cifras bilionárias para importar cada vez mais derivados, apesar da transição energética ser uma realidade no Brasil há décadas.”
para a revista Brasil Energia publicado em 07 de fevereiro de 2024.
“Um país é mais forte quanto mais forte forem suas corporações. Eu me pergunto como é isso, quando uma empresa é partilhada e deixa de atuar como uma corporação tão forte em favor do Brasil. Para avaliar se precisamos de uma estatal ou não, é preciso conhecer o Brasil.”
do painel virtual Brasil Energia Debates, em 10 de dezembro de 2021.
“Com a negativa do Ibama ao pedido de licenciamento para a perfuração de poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas, após 10 anos da licitação da área e de esforços em prol do licenciamento promovidos por três gigantes da indústria petrolífera, cabe aqui a questão: esse penoso processo, que ainda em 2023 agrega exigências adicionais, faz parte de um aprimoramento regulatório ou é um perigoso sinal de elevação do risco Brasil?
“É certo que não se pode ser inconsequente e licenciar a qualquer custo. Mas também é certo que se precisa estar mais preparado para enfrentar o desafio do licenciamento tempestivo, sob pena de condenar o Brasil à estagnação. O MMA não pode usurpar o poder de concessão da Presidência da República. É nesse contexto que se advoga a intervenção do Presidente da República. É ele que tem mandato para estabelecer as prioridades nacionais, em nome do povo, já que essas outorgas têm o aval do CNPE e da Presidência.”
para a revista Brasil Energia, publicado em 14 de junho de 2023, um mês após o Ibama negar a licença.
“Me assusta ver que a Total saiu do Brasil pela dificuldade de licenciamento da Foz e ninguém ‘a favor da abertura’ brigou por ela. Me assusta ver que a negativa agora põe em dúvida a capacidade da Petrobras de lidar com uma nova fronteira, com todo o sucesso tido até agora.”
para o Blog do Desenvolvimento, agência de notícias econômicas do Norte e Nordeste do Brasil.
Com informações do Valor Econômico
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