Com Plano Real, Brasil deixa liderança global da inflação e cai para 54º lugar
No acumulado dos últimos 30 anos (de 1995 a 2024), os preços subiram cerca de 593%, o que coloca o Brasil com o 54º maior índice para o período entre 167 países
Com o Plano Real, o Brasil deixou de frequentar o topo do ranking da inflação global. No acumulado de 30 anos (de 1995 a 2024), os preços subiram cerca de 593%, o que coloca o país com o 54º maior índice para o período entre 167 localidades. Os cálculos levam em conta as projeções globais do FMI para 2024 e a estimativa mais recente do relatório Focus, do Banco Central, para o IPCA neste ano (3,98%).
Para ter uma comparação, a inflação acumulada nos 30 anos do Real só é maior que a de um dos anos entre 1988 e 1994, quando o país acumulava planos econômicos e cortava zeros das moedas. Em 1991, ano do Plano Collor II, a inflação desacelerou para 473% — a alta no ano anterior havia sido de 1.621%. Em 1994, mesmo com a adoção do Real em julho, os preços subiram 916%.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
De 1981 a 1994, a inflação acumulada em percentual superou os 6 trilhões, disparada a maior do mundo nesse período. A segunda maior porcentagem foi da República Democrática do Congo, com 1,4 trilhão. Em terceiro ficou a Bolívia, com percentual de 18,5 milhões.
Em todos esses anos, o Brasil ficou entre os dez maiores índices de inflação do mundo — a menor posição foi em 1994, no oitavo lugar. Ao mesmo tempo, em nenhum desses anos isoladamente o país teve o pior resultado, mostrando como a piora de preços no Brasil era uma constante.
Últimas em Economia
A Bolívia, que teve o terceiro pior resultado nesse mesmo período, só teve quatro anos com inflação de três dígitos e no anos 1990 a alta de preços rondava perto de 10%.
O cenário, porém, muda totalmente com o Real. Ainda que esteja bastante distante de países como Japão (alta de 13% desde 1995 até 2024) ou da Suíça (22% nesses mesmos 30 anos), o Brasil deixou de ser referência global de inflação.
Nesse período, a pior posição no ranking global foi em 2015, quando o país teve a 19ª maior inflação do ano, com alta de 10,67%, além de uma queda do PIB de 3,5% em relação ao ano anterior.
Hoje o posto de maior inflação do mundo é da Venezuela, em que a alta percentual de preços acumulada de 1995 para cá está na casa do quatrilhão. A Argentina é outro país latino-americano que está no top 10 desses 30 anos, em nono lugar, com aumento de preços de 68.991%.
A Argentina, que começou os anos 1990 sob efeito da dolarização, começou a derrubar a inflação antes que o Brasil e manteve os preços acumulados desde 1995 em níveis abaixo dos do brasileiro até 2014, ainda os dados argentinos sejam vistos com desconfiança por um longo período, já que o Indec (o IBGE local) foi acusado de manipulação de dados desde ao menos 2007.
Na comparação com as principais economias latino-americanas, a inflação brasileira foi menor também que a do México, outro país considerado um exemplo no início dos anos 1990, em que os preços subiram 823% entre 1995 e 2024, e da Colômbia (683%). Dos grandes países da região, a menor inflação no período do Real é do Chile: 228%.
Em relação a outros emergentes importantes e países exportadores de perfil similar, a inflação brasileira sob o Real é maior que a de África do Sul, China, Índia, Austrália e Coreia do Sul, por exemplo. Ela é inferior à da Rússia, um dos membros do Brics, que acumulou alta de 7.316% no período.
Com informações do Valor Econômico