Campos Neto: É preciso sair da narrativa de ‘BC político’

Presidente do Banco Central disse que há um prêmio de risco na curva, que subiu nas últimas semanas, sobre a incerteza do que deve acontecer na próxima liderança

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que é necessário separar a narrativa política do trabalho técnico que o BC precisa fazer. Campos Neto foi questionado sobre as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a atuação dele e do Banco Central em painel no “ECB Forum on central banking” promovido pelo Banco Central Europeu (BCE), em Sintra, Portugal.

O presidente do BC defendeu que é necessário sair dessa narrativa de que o Banco Central tem sido político e explicar o que está sendo banqueiro central, é necessário sair da arena política.

Campos Neto ressaltou que durante 2022, o BC elevou a taxa de juros mesmo em ano de eleição, levando a Selic para 13,75% ao ano. O presidente do BC apontou que seria a maior alta de juros em ano de eleição na história de qualquer mercado emergente.

Segundo ele, o trabalho do BC é uma prova viva de que o que foi feito foi muito técnico. “Se essa não é uma prova de que você é independente e que você atuou de forma autônoma, é difícil achar outro exemplo como este.”

Campos Neto disse que há um prêmio de risco na curva, que subiu nas últimas semanas, sobre a incerteza do que deve acontecer na próxima liderança e equipe que assumir a autoridade monetária.

O presidente do BC disse que a mudança é feita bem devagar, com a mudança de dois diretores por ano e que o prêmio deve diminuir. “Entendo que há um prêmio de risco, mas acho que com o tempo o prêmio de risco tende a diminuir”.

Segundo o presidente do BC, o que foi feito na última decisão, de interromper o ciclo de queda de juros de forma unânime, mostra que o grupo da diretoria do BC está coeso em encontrar uma “solução técnica” para o país.

Com informações do Valor Econômico