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Caixa Econômica cria mais restrições no financiamento imobiliário; entenda
Silenciosamente, a Caixa Econômica Federal cria mais restrições no financiamento imobiliário com recursos da poupança.
Segundo agentes imobiliários ouvidos pela reportagem da Inteligência Financeira, o banco estatal começou a ser mais seletivo e, portanto negar, pedidos de empréstimo originados em outras instituições financeiras envolvendo o chamado interveniente quitante (entenda o que é no box abaixo). Não há números claros que indiquem a dimensão da nova diretriz.
Entenda – Como atua o interveniente quitante |
Para ilustrar o processo, imagine esse exemplo hipotético: Carlos comprou uma casa por R$ 1 milhão, pagou 30% à vista e financiou os R$ 700 mil restantes com um banco chamado Distrito. Algum tempo depois, Carlos decide vender o imóvel, mas pagou só R$ 100 mil do empréstimo. Soraia se interessa pelo imóvel, mas também não consegue pagar pela compra à vista. Então, ela pede financiamento ao banco Vértice. Ela também oferece 30% no ato, ou seja, R$ 300 mil. O Vértice então repassa a Carlos o que ele tinha pago em prestações e assume o financiamento do restante em favor da Soraia. O Vértice, portanto, atuou como interveniente quitante. |
Simultaneamente, a Caixa também está sendo mais seletiva para aceitar a transferência de operações de financiamento originadas em outros bancos, a chamada portabilidade.
“Há um volume limitado de recursos, assim não faz sentido priorizar operações de pessoas que não têm relação com o banco”, disse uma fonte familiarizada com o banco, com conhecimento direto do assunto.
A fonte, no entanto, pediu anonimato, porque essa orientação não é pública.
Consultada, a Caixa Econômica afirmou em nota que “as operações com interveniente quitante estão ativas” (…) “incluindo operações de crédito firmadas em outras instituições”.
A instituição acrescentou ainda que, para aprovar a concessão do crédito, considera itens como “risco de crédito tomador, capacidade de pagamento, análise cadastral e avaliação do imóvel”.
Mudança atinge financiamento imobiliário de até R$ 1,5 mi
A alteração atinge o financiamento imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
É a linha que financia a compra de imóveis avaliados em até R$ 1,5 milhão.
O banco controlado pelo governo federal responde por cerca de 70% dos empréstimos para compra da casa própria no país.
Além de ser a maior do setor no país, a Caixa também é o destino da maior parte das transferências de dívida via interveniente quitante, segundo profissionais do setor.
Isso porque a instituição também pratica as menores taxas de juros do mercado, ao redor de 10% ao ano (taxa balcão).
No Itaú Unibanco, por exemplo, a taxa atual é de 11,89% anuais. No Santander, ela parte de cerca de 12% ao ano.
Dessa forma, o ritmo de concessões de novos financiamentos imobiliários na Caixa cresceu 30% neste ano até outubro, ante mesma etapa de 2023.
Isto é mais do que o dobro do que o próprio banco esperava para 2024.
Resgates na poupança levam a Caixa a medidas de contenção
Enquanto isso, os recursos da poupança vêm escasseando, uma vez que poupadores procuram alternativas de investimento mais rentáveis.
Desde 2021, os resgates líquidos da poupança já somam mais de R$ 200 bilhões, segundo dados do Banco Central.
Diante disso, a Caixa se viu forçada a tomar medidas de contenção.
Por isso, semanas atrás, o banco passou a financiar um percentual menor dos imóveis, como antecipou a Inteligência Financeira.
Em outra frente, o banco vem ampliando as captações de recursos no mercado por meio de Letra de Crédito Imobiliário (LCI), por exemplo.
Porém, o banco paga mais caro para levantar recursos com instrumentos de mercado.
Comparativamente, o rendimento da poupança nos últimos 12 meses gira em torno de 8%.
Por outro lado, as LCIs da Caixa no mercado pagam rentabilidade de até 95% do CDI, algo hoje equivalente a mais de 10% anuais.
Persistindo esse cenário, disse a fonte, numa próxima etapa a Caixa pode considerar subir o juro do financiamento pelo SBPE.
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