BC independente é mais eficaz contra a inflação, diz Campos Neto ao Senado

Ao justificar postura independente do BC, Campos Neto afirma que começo da alta de juros foi feita no período eleitoral; ele foi indicado ao cargo por Jair Bolsonaro

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante audiência no Senado. Foto: Pedro França/Agência Senado
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante audiência no Senado. Foto: Pedro França/Agência Senado

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu a autonomia do órgão na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Ele afirmou que o BC independente transmite segurança para a sociedade. Campos Neto, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao cargo, defendeu a atuação do BC justificando a alta dos juros durante as eleições de 2022. A taxa básica de juros, a Selic, está no patamar de 13,75% ao ano desde agosto.

“Nunca foi feita uma alta de juros tão grande em período eleitoral”, afirmou Campos Neto. Para o presidente do BC, a autoridade começou antes dos pares mundiais — como o Federal Reserve nos EUA ou o BCE na União Europeia — o aperto monetário via alta de juros.

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“O que aconteceria se BC não tivesse [feito] esse movimento? Teríamos uma inflação de 10% e, para controlar a expectativas do ano que vem [2024] que seriam mais altas do que o 10%, teríamos juros de 18%”, disse.

BC independente é mais eficaz contra inflação, diz Campos Neto

Ele disse ainda que a independência do BC é eficaz no combate à inflação. “Estudos mostram que quanto mais autonomia (do BC), menos inflação tem”, defendeu.

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Campos Neto, afirmou ainda que há mais de 14 semanas consecutivas a autoridade monetária vê “piora das expectativas de inflação”, tanto nas projeções de analistas quanto do mercado.

O Boletim Focus, que coleta a estimativa de inflação, Produto Interno Bruto (PIB) e câmbio de economistas de mercado, vem relatando piora na inflação de curto prazo. O relatório emitido pelo BC desta semana mostra que a previsão para o IPCA de 2023 subiu de 6,01% para 6,04%.

Campos Neto justifica Selic a 13,75%

Ao explicar porque o Brasil tem uma das maiores taxas de juros reais do mundo, em torno de 6% ao ano, o presidente do BC disse que a recuperação de crédito do país — a capacidade de bancos reaverem montantes de contratos de crédito emprestado — é uma das piores do mundo.

 Quando alguém tem inadimplência, para o banco é muito difícil de recuperar o crédito”, disse. Ao continuar a justificativa, Campos Neto também citou que a dívida bruta do governo brasileiro “muito maior” que a média dos país. “Por consequência, o CDS [Credit Default Swap] do Brasil é maior.”

“A gente ainda não viu uma melhora nas expectativas desde novembro”, disse em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Campos Neto ressaltou que, quando o BC tem credibilidade, a expectativa converge para a meta quando ela é anunciada. “A gente controla muito da inflação presente controlando expectativas”, destacou.

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