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Banco Central estima juro neutro no Brasil em 4,5% e vê ociosidade menor na economia
O Banco Central revisou, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira (21), sua estimativa para o hiato do produto, uma variável não-observável que mede a ociosidade na economia. Para o quarto trimestre deste ano, a estimativa passou de -0,8% para -0,6%, indicando uma percepção de que a economia vai terminar 2023 com uma ociosidade menor do que era esperado antes.
Para o terceiro trimestre do ano, a projeção passou de -0,7% para também -0,6%.
A revisão ocorreu após um nova surpresa com o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre (0,1%), que mostrou um desempenho melhor do que o esperado pelo mercado.
“Indicadores de atividade mais fortes do que o esperado, com destaque para o Nuci e o estoque de empregos formais medido pelo Novo Caged, contribuíram para a estimativa de um hiato mais fechado realizada pelo modelo”, destacou o BC.
Para o fim de 2024, a estimativa do BC para hiato, que também era de -0,8% no RTI de setembro, passou para -0,7% e depois deve seguir trajetória de estreitamento. De acordo com o documento, o principal fator para esse comportamento é a trajetória utilizada da taxa Selic extraída da pesquisa Focus.
“Ressalta-se que, em virtude da elevada incerteza existente nas estimativas do hiato do produto, o Copom avalia projeções com diferentes estimativas e cenários para essa variável”, repetiu o RTI.
Em relação à taxa de juros real neutra, aquela que não acelera nem desacelera o crescimento e, consequentemente, a inflação, a estimativa do BC continuou em 4,5%. No Questionário Pré-Copom (QPC) da reunião de dezembro, cujos resultados foram divulgados na quarta-feira (20), a mediana do mercado para a taxa neutra subiu para 5,0%.
Projeção do BC para IPCA
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) atualizou a estimativa da autoridade monetária para a inflação de 2026, que passou de 3,1% para 3,2% no cenário de referência. A meta para aquele ano foi definida em 3,0% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em junho, e o governo avisou na ocasião que iria editar um decreto mudando o regime para meta contínua a partir de 2025.
O RTI também trouxe as estimativas do BC para a inflação em 2023 (4,6%), 2024 (3,5%) e 2025 (3,2%).
Essas projeções já haviam sido divulgadas na semana passada, no comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que reduziu a Selic de 12,25% para 11,75% e sinalizou novos cortes de 0,50 pp nas próximas reuniões.
O cenário de referência utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus.
Para 2023, o centro da meta de inflação é de 3,25%, com piso de 1,75% e teto de 4,75%. De 2024 em diante, o alvo central é de 3,00% com bandas de 1,50% a 4,50%.
No último Boletim Focus, os analistas consultados semanalmente pelo BC estimaram um IPCA de 4,49% em 2023, 3,93% em 2024, 3,50% em 2025 e também 3,50% em 2026.
BC eleva previsão de alta do PIB de 2023
Em linha com as expectativas do mercado financeiro, o Banco Central elevou levemente sua estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, de 2,9% para 3,0%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação. Em setembro, a autarquia já havia revisado a projeção de crescimento de 2,0 para 2,9%.
Pelo lado da oferta, o BC alterou a estimativa para a expansão da agropecuária de avanço de 13,0% para 15,5%, enquanto a revisão para a indústria foi de alta de 2,0% para 1,7%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de crescimento de 2,1% para 2,5%.
Em relação aos componentes da demanda, o RTI informou alteração de 2,8% para 3,5% na expectativa de crescimento do consumo das famílias e de 1,8% para 1,3% previsão de alta do consumo do governo.
O documento divulgado nesta quinta-feira indica ainda que a projeção para 2023 da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia – passou de retração de 2,2% para recuo de 3,4%. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em setembro.
O BC também revisou suas projeções para 2024. Para o PIB total, a expectativa de crescimento oscilou de 1,8% para 1,7%. Pelo lado da oferta, a expansão da agropecuária passou de 1,5% para 1,0%, enquanto, para a indústria, a projeção de alta de 2,0% foi atualizada para 1,7%. No caso dos serviços, a estimativa de crescimento de 1,8% passou para 1,9% .
Já entre os componentes da demanda, a expectativa para o consumo das famílias passou de alta de 1,9% para 2,3%. Para o consumo do governo, variou de 1,5% para 1,1%. A FBCF esperada passou de elevação de 2,1% para 1,0%, conforme a autarquia.
No Boletim Focus, a mediana é de crescimento de 2,92% para o PIB deste ano e de 1,51% no próximo. O Ministério da Fazenda revisou em novembro sua projeção para o crescimento do PIB deste ano de 3,2% para 3,0%. Para 2024, a estimativa da equipe econômica é de 2,2%.
Com informações do Estadão Conteúdo
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