Inflação de setembro teve alta de 1,16%, maior aumento para o mês desde 1994. E você com isso?

Ela atinge diretamente seu salário e investimentos. Mas há maneiras de pelo menos suavisar esse impacto

- Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF
- Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF

Se tem um conceito que o brasileiro entende na economia é o da inflação. Ela está presente na história dos que viveram na década de 1980 e início dos anos 1990, quando os preços subiam até 80% ao mês. Agora, a geração dos anos 2000 já se preocupa com o aumento dos preços e precisa entender este novo cenário para decidir o que fazer com o dinheiro. 

Cenário

Uma série de fatores causa o aumento dos preços. Em setembro, a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 1,16%, o maior aumento para o mês desde 1994. 

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A pandemia de Covid-19 contribui (e muito) para esse cenário. Para brecar a estagnação, vários países reduziram os juros para estimular o consumo. A consequência dessa medida é vista na prática com os preços subindo. 

Aí entram os temperos brasileiros. A alta do dólar frente ao real encareceu a gasolina. O petróleo, matéria-prima do combustível, é cotado em dólar e disparou nos últimos meses.

A inflação dos combustíveis gera um efeito cascata, já que o principal modal de transporte brasileiro é o rodoviário. Com o preço do combustível lá no alto, fica mais caro transportar alimentos da plantação para as feiras e supermercados, os eletrônicos dos centros de distribuição para a casa dos consumidores e o lanche do restaurante até o escritório. 

O que você tem a ver com isso?

Muita coisa. Sua renda vale cada vez menos. Lembra quando era possível comprar uma bala por R$ 0,01? Hoje, um centavo não compra nada. O que assusta no cenário atual é a velocidade com que o dinheiro vem perdendo valor. Se em agosto do ano passado R$ 100 pagavam 24 litros da gasolina, hoje, os mesmos R$ 100 compram 14 litros. Na prática, o que você vê é seu salário render menos. O fenômeno atinge principalmente a parcela mais pobre da população, que não tem sobras no orçamento e precisa substituir itens essenciais por outros ainda mais baratos. 

Como fugir 

Existem alguns instrumentos que protegem o dinheiro da inflação. Ou seja: o dinheiro não vai perder valor e, se retirado no vencimento da aplicação, ainda pode render além do IPCA. 

Neste caso, Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV EAESP, indica o investimento nos títulos do tesouro atrelados ao IPCA. “Os investidores têm rendimento acima inflação e rentabilidade além do IPCA”, explica a professora. 

Os IPCA+ se dividem em duas categorias: os que pagam juros semestrais e os que remuneram somente no vencimento. Se você precisar vender antes do vencimento, vai perder rentabilidade. O Tesouro Nacional garante a recompra do título pelo valor de mercado.

Veja na tabela a seguir a rentabilidade de títulos públicos que cobrem as perdas com a inflação:

Fonte: Tesouro Nacional

Os títulos de crédito privado também podem ser uma alternativa para quem quer pegar carona na inflação. Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) indexados ao IPCA garantem o resgate do dinheiro corrigido pela inflação mais um prêmio de até 5,5%. Investindo neles você está emprestando dinheiro para um banco e a instituição devolve o valor com juros. 

Quando vai passar? 

Indo direto ao ponto, não há previsão de quando a inflação será domada. “É algo que provavelmente vai ficar por um bom tempo na economia. No ano que vem, com eleições, teremos ainda mais incertezas políticas e econômicas”, diz Claudia Yoshinaga.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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