Dólar pode cair a R$ 5,00? Veja o que dizem especialistas

Depois de iniciar o ano na faixa de R$ 5,70, o dólar fechou a quarta-feira (16) a R$ 5,1279 – a cotação mais baixa desde 29 de julho do ano passado; no mercado, já se especula a possibilidade da divisa cair a R$ 5
Pontos-chave:
  • Entenda por que a cotação está caindo e saiba o que fazer

Há cinco semanas o dólar cai sem parar. Depois de iniciar o ano na faixa de R$ 5,70, o dólar já está a R$ 5,2414. Nesta quarta-feira (16), o dólar fechou em queda de 1,01%, cotado a R$ 5,1279, com o mercado repercutindo alívio nas tensões entre Rússia e Ucrânia. É a cotação mais baixa desde 29 de julho do ano passado (R$ 5,0795). No mercado, já se especula a possibilidade da divisa cair a R$ 5,00.

Segundo analistas o ciclo de alta de juros no Brasil e o preço de ações brasileiras relativamente abaixo do preço médio estão trazendo investimento estrangeiro ao país, o que aumenta o fluxo de dólares, reduzindo o valor da moeda americana ante o real, que ganha força.

“Estamos com muita entrada [de dólar] para pegar juros alto e para a Bolsa. Há grande chance de ira a R$ 5,00 sim”, diz Vanei Nagem, analista da Terra Investimentos.

De acordo com dados divulgados pelo Banco Central na última quarta-feira (9), o saldo cambial nos primeiros quatro dias de fevereiro ficou positivo em US$ 4,232 bilhões. Em janeiro, o saldo ficou positivo em US$ 1,493 bilhão.

“Nesse exato momento eleição ficou meio de lado, o juros está ficando cada vez mais atrativos aqui e lá fora ainda estão muito baixos e isso empurrou o investidor mesmo com o alto risco a entrar no Brasil”, diz Nagem.

Segundo Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, o Brasil não é o único destino dos dólares. Demais emergentes também têm se beneficiado de uma troca nas carteiras estrangeiras.

“Papéis de tecnologia se valorizaram muito em 2021 puxando índices acionários de economias desenvolvidas, como o S&P 500. Agora, os bancos centrais veem a inflação mais permanente, e impõem uma política monetária mais agressiva contra o aumento de preços, o que desvaloriza esses papéis de tecnologia, e o mercado busca retorno em outros lugares, nos ativos de valor, considerados subprecificados, como os emergentes”, explica Beyruti.

Apesar do Brasil estar atrativo, o economista vê o fluxo de dólares como pontual.

“[A queda do dólar] não deve se sustentar no longo prazo. Ele pode ir abaixo de R$ 5,20, chegando a ir a R$ 5,10, mas no segundo semestre o dólar deve voltar a subir, dado o risco fiscal e as eleições, fora a piora na perspectiva econômica para esse ano”, diz Beyruti.

Outro fator que joga contra o real é a tensão geopolítica. Caso a Rússia invada a Ucrânia, o dólar tende a se valorizar na busca dos investidores por ativos de maior segurança.