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Dividendos da Bradespar (BRAP4) devem aumentar com melhora para Vale?
Empresas citadas na reportagem:
A Bradespar (BRAP4) tem o costume de distribuir dividendos e JCP (Juros sobre Capital Próprio) com alto yield para acionistas preferenciais e ordinários (BRAP3).
A companhia, que é oriunda de uma cisão com o banco Bradesco, anunciou recentemente a distribuição de R$ 680 milhões em proventos, o equivalente a R$ 0,60 por papel PN e R$ 0,54 por papel ON.
Com a melhora de desempenho da Vale (VALE3) no terceiro trimestre, é esperado que os dividendos da Bradespar acompanhem a boa maré da mineradora. Em seu último resultado, a companhia reportou uma melhora de vendas do minério de ferro, e analistas avaliam que os proventos devem crescer no mesmo patamar que os da Vale.
Bradespar: a ‘ação espelho’ da Vale
Além de investir em Vale, a holding Bradespar (BRAP4) já teve participação em empresas de tecnologia, com a Scopus, e em distribuição e transmissão de energia, porque teve uma fatia da CPFL (CPFE3).
A Bradespar vendeu sua participação nessas empresas e hoje possui apenas a Vale como investimento na holding. Ou seja, analistas se referem às ações da Bradespar (BRAP3;BRAP4) como papéis que espelham exatamente a trajetória da Vale no Ibovespa.
O principal motivo para investir na Bradespar, segundo analistas, é de que existe um desconto da ação em relação ao papel da Vale. Uma ação ordinária da mineradora (VALE3) custa por volta de R$ 69, enquanto o papel da holding está cotado a R$ 22,41 até esta terça-feira (7). A PN é avaliada em R$ 24,16.
“O grande ponto de investir na Bradespar é comprar Vale com desconto”, afirma Pedro Novaes, head de equity da Komatu Gestora. Tudo depende do desconto da ação em relação à Vale.
Quanto a Bradespar (BRAP4) paga em dividendos?
Em seu último comunicado, a Bradespar divulgou o repasse de R$ 680 milhões em dividendos e em JCP. De acordo com o comunicado, serão distribuídos R$ 0,549440992 por ação ON (BRAP3). Já a parcela para cada ação PN (BRAP4) será de R$ 0,604385092.
Em JCP, o valor líquido (com desconto do JCP) será R$ 0,913744259 para cada papel ordinário, enquanto acionistas preferenciais devem receber R$ 1,005118685 por ativo.
Para analistas, pode haver um aumento de dividendos e JCP a serem distribuídos pela Bradespar em 2024. Mas a variável dessa equação lucrativa para o acionista continuará sendo a Vale.
“Com estímulos da economia da China para o setor imobiliário, os dividendos da Bradespar devem acompanhar a melhora, inclusive, dos dividendos da Vale (VALE3)”, diz Novaes. Ele prevê que a margem de yield dos dividendos da Bradespar se mantenha próxima a 12%, assim como a de Vale.
Outro que acredita em dividendos maiores vindos da Bradespar é Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimento. Ao mesmo tempo, ele explica que, historicamente, a holding distribui dividendos uma ou duas vezes ao ano, enquanto o ritmo de proventos da Vale é maior, de três a quatro vezes por ano em média.
“A Bradespar acabou acumulando um pouquinho de caixa e fez essa (última) distribuição. O JCP também deve acompanhar a melhora na distribuição de lucros por questão estratégica contábil”, pontua Lima.
Dividendos e ações de Bradespar (BRAP4) tem ‘desconto’
A Bradespar surfa em uma vantagem atrativa para o investidor: o desconto de holding.
Por ser uma empresa focada em investimentos, ela não possui os mesmos ativos financeiros da principal empresa que espelha, a Vale. Conforme seu último relatório quinzenal, a companhia possui R$ 11,77 bilhões em ativos, com valor de mercado de R$ 8,5 bi.
Com esses números, as ações da Bradespar tem um desconto de 27% em relação às de Vale. “Portanto, se o acionista decide comprar os papéis da Bradespar, é como se ele adquirisse ações da Vale 27% mais baratas”, diz Lima.
Na visão de Novaes, da Komatu, o desconto de holding neste patamar “é mais razoável, mas sem exageros” em relação ao segundo trimestre, quando o desconto foi maior, de 29%.
Risco na Justiça
Além disso, existe um risco para o investidor de Bradespar. A companhia é ré em um processo na 10ª Vara Cível do Rio de Janeiro por danos materiais. A ação na Justiça fluminense é movida pela Litel, que busca uma compensação de R$ 1,4 bilhão da Bradespar porque alega que a holding cometeu “descumprimento” de um contrato de indenização à Elétron S.A. na venda de ações da Valepar, fundo de pensão que unia Litel, Vale e Bradespar.
Mas para o analista da Ouro Preto Investimentos, o mercado já “se antecipou”. Como a própria empresa divulgou que “mantém como possível a probabilidade de perda da Bradespar”, o mercado já teria incorporado a indenização bilionária no preço.
Apesar da companhia não ter provisionado ainda a possível perda de causa na Justiça, afirma Lima, isso “não tira a credibilidade do investimento”.
As ações vão cair quando a sentença sair, e isso é fato.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos
“Mas o mercado vem antecipando, a própria empresa se posicionou, quase damos como certo”, conclui Lima.
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