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Empresas de capital aberto ainda têm poucas mulheres e pessoas negras na alta liderança
Entre as empresas com ações negociadas na B3, a bolsa de valores brasileira, a presença feminina em cargos de alta liderança ainda é limitada: 56% delas não têm nenhuma mulher na diretoria estatutária. Além disso, 37% não possuem mulheres no conselho de administração.
A situação é ainda mais preocupante quando se trata de diversidade racial, com um aumento no número de empresas que não têm pessoas negras (pretas ou pardas) em posições de liderança. Esses dados fazem parte da quarta edição do estudo “Mulheres em Ações”, realizado pela B3, que acompanha o progresso da diversidade no mercado corporativo brasileiro.
A pesquisa analisou os Formulários de Referência de 359 empresas listadas, entregues até o dia 13 de junho. Assim, as companhias publicam anualmente os documentos e, ao avaliar os dados referentes a gênero, esse foi o cenário apresentado:
- 56% das empresas não possuem mulheres na diretoria estatutária (em 2023, esse número era de 55%);
- 37% não têm mulheres no conselho de administração (em 2023, eram 36%);
- 29% das empresas contam com apenas uma mulher na diretoria estatutária (mesmo índice de 2023);
- 35% têm uma mulher no conselho de administração (39% em 2023);
- 6% possuem três ou mais mulheres na diretoria estatutária (eram 7% no ano passado);
- 8% têm três ou mais mulheres no conselho de administração (em 2023, eram 7%).
Reporte de dados de diversidade nas empresas é obrigatório
De acordo com Flavia Mouta, diretora de Emissores da B3, esse é o quarto ano consecutivo de avalição de diversidade e representatividade na alta liderança em termos de gênero, e o segundo ano em relação à raça e etnia. Assim, a pesquisa analisa separadamente o número de pessoas diversas em cada diretoria estatutária e conselho de administração.
“A inclusão de uma única pessoa de um grupo sub-representado, embora seja um passo relevante, pode ter um impacto limitado nos resultados da diversidade. Somente com a presença de mais indivíduos desses grupos podemos formar uma massa crítica capaz de influenciar significativamente o processo de tomada de decisões”, afirma Flavia.
Os dados sobre raça e etnia passaram a ser obrigatoriamente reportados nos Formulários de Referência a partir do ano passado, com a implementação da Resolução 59 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Se os números sobre gênero já indicam uma piora no cenário geral, a situação é ainda mais crítica em relação à representatividade racial.
Entre as 359 empresas avaliadas, 354 (98,6%) declararam não ter nenhum diretor estatutário preto, e 315 (87,7%) informaram não contar com diretores estatutários pardos. No estudo de 2023, esses números eram 337 e 305, respectivamente.
Quanto aos conselhos de administração, 347 empresas (96,6%) não possuem conselheiros pretos, e 323 (90%) não têm conselheiros pardos. No levantamento anterior, esses números eram 328 e 311, respectivamente.
No mercado financeiro, mulheres também são minoria
De acordo com um estudo recente feito pela FESA Group, as executivas representam 33,86% nos cargos de lideranças nas empresas de finanças. Os dados confrontam a realidade populacional do Brasil, com 50% mulheres, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em entrevista à Inteligência Financeira, Carolina Cavenaghi, cofundadora e CEO da Fin4She, falou mais sobre esse cenário.
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