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Conheça a Omni: banco quer dobrar de tamanho até 2028 indo na contramão das fintechs
Pegar carona na onda das fintechs deu errado para o Omni. Após dois anos de prejuízos, a financeira decidiu cortar na carne e retomar o foco na sua fortaleza: financiar carros usados para clientes das classes C, D e E.
É com essa estratégia que o grupo voltou ao azul neste ano e com a qual pretende dobrar de tamanho até 2028.
Por trás dessa virada, está o presidente-executivo Heverton Peixoto, egresso da corretora de seguros Wiz (WIZC3).
Ao assumir a Omi, em março de 2023, Peixoto teve como primeira missão reposicionar o negócio após anos dolorosos de aprendizado.
Sem conseguir ser competitiva no mundo fintech, a companhia vendeu o negócio de cartões, saiu da operação de banco digital e do crédito para pequenas empresas.
“A gente decidiu trabalhar a partir da nossa fortaleza”, resumiu Peixoto em entrevista para a Inteligência Financeira.
A boa notícia para a Omni foi que as apostas de digitalização completa do mercado de carros usados também não se confirmou.
“Esse é um tipo de negócio que ninguém conseguiu ser 100% digital com sucesso”, disse o executivo. “O comprador ainda quer (a) experiência olho no olho.”
Além disso, o sobe e desce frequente do mercado de usados levou alguns concorrentes de maior porte a desacelerarem no setor. A Omni aproveitou.
Com isso, a companhia voltou a engrenar. Segundo Peixoto, a Omni deve entregar na segunda metade deste ano o melhor lucro semestral de sua história, que completa três décadas.
Histórico da Omni
Fundação | Estreia cartões | Compra do banco Pecúnia | Lança Omni banco | Compra fintech Trigg | Compra Finsol | Prejuízo R$65 mi | Prejuízo R$157 mi | Vende Trigg; retoma lucro |
1994 | 2007 | 2018 | 2019 | 2022 | 2022 | 2022 | 2023 | 2024 |
Omni mira cidades médias para dobrar de tamanho até 2028
Assim, enquanto bancos digitais no país vêm diversificando a prateleira de produtos, num duelo para tentar ser a conta principal de seus clientes, a Omni vai na contramão.
Dessa forma, o plano de Peixoto é ampliar a rede de correspondentes físicos pelo país, dos atuais 135 para 200.
A ideia, explicou ele, é aproveitar a crescente demanda por veículos em cidades brasileiras com até dois milhões de habitantes.
O público alvo é principalmente formado por profissionais que atuam individualmente e que precisam de um veículo no deslocamento para atender clientes.
Nesse mapa estão, por exemplo, cidades que vêm prosperando com o agronegócio e de segmentos em expansão do comércio e indústria.
São casos de geografias como Juiz de Fora (MG), Jaú, Bauru, Presidente Prudente, no interior paulista, e Sorriso, ícone do agronegócio mato-grossense.
“Estamos vendo um incremento muito grande dessa massa de profissionais que querem prosperar”, disse ele.
Aliás, a Omni passou a identificar o objetivo do uso do veículo como decisivo para determinar o nível de risco dos empréstimos, vital nesse mercado.
Omni é um negócio verticalizado
Outra distinção no modelo dos bancos digitais: nada de terceirização.
Na Omni, tudo é proprietário. Desde os escritórios, com um batalhão de cerca de três mil representantes exclusivos, até a cobrança, incluindo guinchos e advogados.
Cobrança, aliás, é uma estrutura particularmente forte, explica Peixoto, considerando o segmento, que costuma ter níveis mais altos de calotes.
Assim, se um correspondente da Omni tem 30 funcionários, seis estão na originação, mas mais de 20 na cobrança, disse ele.
A explicação é simples: a empresa tem de ser muito boa em controlar a inadimplência (ou recuperar o veículos) para ser competitiva.
Por isso, a companhia prioriza ter estrutura própria para conseguir dominar melhor a dinâmica. Atualmente, tem cerca de 60 mil processos de busca e apreensão de veículos em andamento.
O resultado é um nível de provisionamento para perdas com inadimplência menor do que a do mercado. Na outra ponta, também cobra juros maiores dos clientes.
“A gente tem total consciência de que nossa estratégia aponta para o segmento mais volátil da economia”, disse Peixoto.
Omni prevê carteira de crédito de R$ 10 bi em 2028
Com o plano deslanchando, a meta do Omni para os próximos quatro anos é dobrar sua carteira de crédito, que deve fechar 2024 em cerca de R$ 5 bilhões.
Os recursos para financiamento devem vir sobretudo das emissões de CDBs.
O Omni tem no mercado CDBs prefixados, com rentabilidade indicativa de até 13,9% ao ano, para vencimento em agosto de 2025.
Outro, posfixado, embute renda equivalente a 113% do CDI para vencimento em fevereiro de 2025.
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