Ata do Copom e IPCA-15 de março calibram expectativas para próxima alta da Selic

O calendário econômico de 24 a 28 de março mantém no foco a pergunta deixada na última reunião do Copom: quanto mais a Selic vai subir? O mercado financeiro então acompanha uma série de divulgações nos próximos dias para calibrar as expectativas.
A mais importante delas naturalmente é a ata do encontro do comitê de política monetária que na semana passada elevou os juros básicos da economia de 13,25% para 14,25%. O documento será publicado na terça (25) pela manhã.
Fim do ciclo de alta da Selic mais perto
Ao elevar a taxa novamente em 1 ponto percentual, o Copom indiciou que pretende reduzir o passo em maio. O colegiado preferiu no entanto não antecipar a magnitude da alta. Isso abriu divergência entre os agentes financeiros.
O Morgan Stanely, por exemplo, antecipou para maio a projeção para o encerramento do atual ciclo de alta da Selic. O banco americano baixou de 15,75% para 14,75% a previsão da taxa terminal.
A XP sustenta uma visão mais pessimista para o rumo dos juros. A corretora vê a Selic terminal em 15,50%, após aumentos de 0,75 p.p. em maio e 0,50 p.p. em junho.
Já o Itaú espera que o Copom implemente mais dois apertos de 0,50 p.p. nas próximas reuniões, levando a Selic ao patamar final de 15,25%. Porém, o banco discute em relatório se o colegiado poderia promover mais uma alta e pronto.
“O comunicado incluiu algumas nuances ligeiramente mais brandas. As autoridades afirmaram que a atividade econômica está desacelerando, embora de forma incipiente. Talvez mais importante, os membros do Copom destacaram que os movimentos futuros levarão em conta os efeitos defasados das decisões anteriores. Historicamente, a referência às defasagens na política monetária ocorre algumas reuniões antes do fim do ciclo de ajustes”, anota Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú.
“No entanto, o precedente não sugere que o Copom necessariamente interrompa o aperto monetário logo após mencionar essas defasagens. Em maio de 2022, por exemplo, o Copom fez menção a defasagens na ata da reunião e ainda assim entregou dois aumentos de 50 p.p. posteriormente. Portanto, considerar este comunicado como um sinal definitivo de encerramento do ciclo pode ser precipitado”, acrescenta Mesquita.
IPCA-15 de março, Caged, PNAD Contínua e mais
Depois de destrinchar a ata do Copom, o mercado financeiro se volta para uma nova rodada de indicadores econômicos. Sobretudo para o IPCA-15 de março, que sai na quinta (27).
No comunicado da última decisão, o comitê mencionou a evolução da dinâmica da inflação (e a ancoragem das expectativas) entre os fatores que vão influenciar os rumos da política monetária.
No mesmo dia, o Banco Central divulga o Relatório de Política Monetária, que substitui o Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
As atenções aí estarão concentradas na coletiva do presidente do BC, Gabriel Galípolo, e do diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, que irão detalhar o documento. Assim como poderão dar mais pistas da próxima alta da Selic.
Finalmente, os agentes também estarão atentos ao dados de fevereiro do mercado de trabalho, com Caged e PNAD Contínua na sexta.
Calendário econômico – 24 a 28 de março
Segunda (24)
08h25: Boletim Focus (Banco Central)
Terça (25)
08h00: Ata do Copom (Banco Central)
Quarta (26)
08h30: IDP/Investimentos diretos no país de fevereiro (Banco Central)
09h00: Questionário Pré-Copom (Banco Central)
14h30: Resultado primário do governo central de fevereiro (Tesouro Nacional)
Quinta (27)
08h00: Relatório de Política Monetária (antigo Relatório Trimestral de Inflação)
09h00: IPCA-15/Prévia da inflação de março (IBGE)
09h30: PIB dos Estados Unidos no 4º trimestre de 2024 (terceira leitura)
11h00: Coletiva de Gabriel Galípolo (presidente do Banco Central) e Diogo Guillen (diretor de Política Econômica)
Sem horário: Reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)
Sexta (28)
09h00: PNAD Contínua/Taxa de desemprego de fevereiro (IBGE)
09h30: PCE/Índice de preços de gastos com consumo de fevereiro nos Estados Unidos
Sem horário: Caged/Abertura de vagas com carteira assinada de fevereiro (Ministério do Trabalho e Emprego)
Sem horário: Arrecadação federal de fevereiro (Receita Federal)