Dividendos da Auren (AURE3): o que esperar após compra da AES Brasil

Pagamento de dividendos da Auren pode ser significativamente afetado depois da compra da AES Brasil, diz analista; saiba o que esperar

A mais recente aquisição no setor de energia elétrica levanta preocupações no mercado sobre pagamento de proventos. A dúvida é principalmente sobre a capacidade de distribuição de dividendos da Auren (AURE3), uma das maiores pagadoras do setor. Os dividendos da AES Brasil também devem ser impactados.

Isso depois da aquisição da AES Brasil pela Auren, anunciada na semana passada, mas que ainda precisa ser consolidada.

Segundo analistas, a aquisição pode pesar negativamente sobre resultados, principalmente da compradora, a Auren. Ao menos, num primeiro momento.

Para Bruno Oliveira, chefe de análise do AGF, “a incorporação da AES Brasil pela Auren pode afetar significativamente o pagamento de dividendos”.

Contudo, ele diz que as sinergias operacionais e financeiras ainda precisam ser mensuradas para saber o quanto isso afetará os proventos da gigante do setor que está nascendo. E de que maneira afetará.

Como ficarão os dividendos da Auren e da AES?

A atual política da AES Brasil prevê a distribuição de 25% do lucro líquido.

Com base no lucro líquido do primeiro trimestre de 2024, estimado em mais de R$ 250 milhões, projetando para o ano, isso resultaria em um lucro por ação (LPA) de R$ 1 e, consequentemente, um dividendo por ação (DPA) de R$ 0,25.

“Este valor, no entanto, está sujeito a mudanças com a nova configuração da empresa”, diz Oliveira.

Sobre a Auren (AURE3), antes do anúncio da incorporação, a empresa apresentava situação financeira robusta, com baixo nível de alavancagem, caixa forte, cronograma de amortização saudável e alta taxa de conversão de Ebitda em fluxo de caixa operacional.

“Assim, a empresa abria a possibilidade para nova distribuição de dividendos. No entanto, com a incorporação, essa projeção precisará ser revisada.”, avalia o analista do AGF.

Anteriormente, sem a incorporação, a estimativa para a Auren era de 72 centavos de dividendos por ação, resultando em um dividend yield de aproximadamente 6,3%.

Possibilidade de redução dos dividendos da Auren no curto prazo

De início, a incorporação deve resultar em uma diminuição considerável na distribuição de dividendos. A avaliação é de Luis Moran, analista da EQI Research.

“A Auren tinha uma alavancagem baixa, de apenas 1,8 vezes dívida líquida/Ebitda e estava investindo em apenas um novo projeto. A forte geração de caixa era mais do que suficiente para financiar esse investimento e o excedente era distribuído em proventos”, diz o analista.

Para a EQI, o dividend yield projetado para a ação da Auren era de 11% em 2024.

Contudo, após a compra, há novos entraves para o pagamento nos níveis anteriores. “Essa realidade muda com a incorporação da AES Brasil, que tem uma alavancagem de 5,3 vezes dívida líquida/Ebitda”.

Diminuem chances de dividendos extraordinários da Auren

As empresas combinadas terão uma alavancagem de 4,9 vezes. Assim, a prioridade da nova companhia será a diminuição deste endividamento e a integração dos novos ativos.

“Por esse motivo, não esperamos que a empresa anuncie novos dividendos extraordinários, tal como aconteceu no ano passado”, avalia Moran.

Vale lembrar que a Auren pagou R$ 1,5 bilhão em dividendos extraordinários ao final de 2023.

“Desta forma, para o investidor que busca pagamentos de proventos elevados e recorrentes, a tese perde atratividade e consideramos outras opções com esse perfil dentro do setor de geração, como por exemplo, Engie Brasil”, acrescenta o analista da EQI.

prédio aes brasil
Pagamentos de dividendos da AES Brasil previam R$ 0,25 por ação, mas cenário
deve mudar após compra pela Auren (AURE3). Foto: Divulgação

Aspectos positivos para pagamento de proventos

Para investidores focados em renda passiva, a Auren (AURE3) possui características atrativas, como controladores que valorizam dividendos e um portfólio estratégico dentro do grupo Votorantim.

“O fundo de pensão canadense, controlador da Auren, busca um dividend yield de 10% em seu portfólio global, indicando uma orientação clara para a distribuição de dividendos. A Auren, portanto, se enquadra como uma empresa adequada para uma carteira previdenciária ou de renda passiva”, avalia Oliveira.

Entretanto, devido ao momento de grandes transformações e incertezas sobre a política de dividendos e a recorrência desses pagamentos, a inclusão da Auren em uma carteira deve ser avaliada com cuidado.

“Aqueles que estão começando a montar sua carteira podem enfrentar um custo psicológico significativo. Isso porque a recorrência dos dividendos da Auren ainda é incerta”, reforça.