XP vai tomar medidas legais contra Grizzly Research

Empresa divulgou relatório questionando modelo de negócios da plataforma de negócios brasileira

A XP (XPBR31) vai tomar medidas legais contra a Grizzly Research, que divulgou na quarta-feira (13) um relatório de análise apontando deficiências no modelo de negócio do grupo de investimentos e inferiu acusações graves.

“A XP tomou conhecimento de informações falsas, incorretas e imprecisas divulgadas recentemente pela Grizzly Research e reforça seu comprometimento com a ética, a transparência, a conformidade regulatória, a governança e o cumprimento da lei”, afirmou em nota.

“A companhia cumpre com a lei e segue todas as normas estabelecidas por órgãos reguladores, como CVM, SEC, Banco Central, dentre outros, e tem suas operações auditadas regularmente por instituições independentes. Serão tomadas todas as medidas legais cabíveis contra a Grizzly Research.”

Ações da XP em queda

Os papéis da companhia caíram quase 5,5% na Nasdaq, cotadas a US$ 14,14, num dia em que o índice da bolsa americana subiu 1,2%. No ano, os papéis ainda preservam uma valorização de 19,8%.

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    A Grizzly, em seu relatório, chamou a atenção para dois fundos de investimentos da plataforma, o Gladius e o Coliseu, “maiores que o lucro da XP”. No primeiro caso, a lucratividade estaria ligada à oferta de certificados de operações estruturadas (COE), que segundo a análise “são produtos de investimento predatórios que a XP empurra agressivamente para seus clientes de varejo brasileiros”.

    O relatório da firma, que costuma dar recomendação para operações “short”, para que investidores fiquem “vendidos” (apostando na baixa) nas ações de empresas, credita a ex-funcionários da plataforma de investimento a informação de que o Gladius estaria pagando indevidamente novos prêmios que recebe da venda de COE para a XP como lucro.

    O esquema só continuaria funcionando se a instituição vender novos COE. “Assim que os fluxos pararem de crescer, o sistema desmorona e a XP pode ser responsabilizada por enormes obrigações que não pode cumprir. Os ‘insiders’ chamaram a Gladius de ‘esquema Ponzi tipo Madoff’.”

    Desde 2019, o fundo Gladius teve valorização de 93,3% em média ao ano. “As explicações mais citadas para esses altos retornos e baixo risco focam no papel do Gladius para a XP como um veículo para contabilizar ganhos operacionais de atividades de formação de mercado e gestão de liquidez. Esses fundos de provisão de liquidez de varejo (“RLP”, na sigla em inglês) que são benéficos em termos fiscais para bancos e corretoras são práticas comuns no Brasil. No entanto, nenhum dos RLPs dos concorrentes da XP retornam nem de perto tanto quanto o Gladius”, continua a análise da Grizzly.

    A XP opera seis fundos com valores de ativos líquidos de mais de R$ 1 bilhão (US$ 173 milhões). Apenas o Gladius fornece retornos “inflacionados”, enquanto o Coliseu, o segundo melhor fundo, captura ganhos participando do Gladius.

    A XP obteve R$ 27,66 bilhões (US$ 4,80 bilhões) do Gladius de 2020 a 2024, e do fundo Coliseu, de 2021 a 2024. Durante esse período, o lucro líquido da companhia foi de R$ 17,52 bilhões (US$ 3,03 bilhões). “Sem receber dinheiro desses dois fundos, a XP teria um lucro líquido acumulado negativo nos últimos anos”, escreve a análise.

    A corretora Ativa, que cobre as ações da XP, divulgou aos investidores uma nota que traz que os “fundos Coliseu e Gladius funcionam como uma ferramenta contábil da companhia para apresentar uma alíquota efetiva de IR infinitamente inferior aos 34% padrão para empresas brasileiras”, afirma. “Em 2023, a alíquota efetiva da XP foi de apenas 1%. Dessa forma, os fundos acabam refletindo, em certa medida, os resultados operacionais da empresa.”

    Para o time de análise da corretora brasileira, que na distribuição de investimentos é uma concorrente da XP, no seu relatório a Grizzly cometeu um erro ao comparar os R$ 167 bilhões em ativos da XP Asset com o volume total de ativos sob custódia do conglomerado. Atualmente, os ativos de clientes na custódia da XP somam R$ 1,08 trilhão, “o que torna totalmente factível que os fundos tenham gerado essa contribuição de receita, especialmente devido à alta penetração de produtos predatórios em sua base de clientes, como o próprio relatório mencionou”.

    A XP apresenta um Retorno sobre Ativos (ROA) exclusivo de investimentos próximo a 1%, “o que vai em linha com uma receita de R$ 11 bilhões”, prossegue a análise da Ativa, que afirma discordar da tese que sugere que os resultados da XP estejam relacionados a um esquema Ponzi. “Contudo, reconhecemos que relatórios como este ajudam a destacar preocupações legítimas sobre a sustentabilidade do modelo de negócios da companhia, especialmente com a alta participação de produtos predatórios e a baixa alíquota efetiva de IR. Consideramos, inclusive, que relatórios como esse aumentam o risco tributário ao expor a forma contábil como a empresa opera.”

    Com informações do Valor Econômico

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