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Quem surpreendeu e quem decepcionou: um resumo da temporada de balanços do 3º tri/24
Empresas citadas na reportagem:
A temporada de balanços do terceiro trimestre de 2024 mostrou que sozinha a última linha do resultado não foi suficiente para guiar o mercado. Que o digam Nubank (ROXO34), Santander Brasil (SANB11) e Vale (VALE3), cujos lucros acima das expectativas não impediram um mergulho de suas ações na bolsa.
Foi uma realidade parecida com a da Telefônica Brasil (VIVT3). As empresas engrenaram queda nos pregões que sucederam a divulgação de resultados trimestrais.
É verdade que em alguns casos o lucro – ou prejuízo, no caso da CSN (CSNA3) – catalisou a frustração dos investidores.
Ambev (ABEV3), por exemplo, decepcionou. Mas Localiza (RENT3) surpreendeu o mercado com um lucro 22% maior ano a ano.
Com os mesmos 22% de alta no lucro, Petrobras (PETR4) também agradou o mercado. Assim como o Itaú Unibanco (ITUB4).
Em ambos os casos, contudo, o lucro foi apenas parte de uma história mais ampla, que envolveu novidades sobre a expressão mágica: dividendos extraordinários.
Esse conjunto ilustrou a importância das expectativas do mercado num cenário macroeconômico doméstico e internacional permeado de incertezas, além de pressões nas margens por questões concorrenciais e do custo de captação. Tudo isso diante da Selic em elevação.
Dessa forma, a Inteligência Financeira compilou um resumo do que aconteceu na temporada com as divulgações de um grupo seleto de empresas. Confira!
Santander Brasil (SANB11): conservadorismo que preocupa
O Santander Brasil (SANB11) mostrou como é possível entregar resultados acima das expectativas e ainda assim desagradar seus investidores.
O maior banco estrangeiro no país anunciou lucro e rentabilidade melhores do que o esperado pelo mercado.
O lucro, por exemplo, veio 5% acima da previsão média de analistas.
Contudo, a unit da instituição na B3 fechou em queda de 5,13%, no pregão seguinte à divulgação do balanço, elevando a perda no ano para 14,5%.
Em parte, isso refletiu sinalizações do presidente-executivo do Santander, Mario Leão, de uma postura mais conservadora do banco no crédito, devido ao cenário macroeconômico mais desafiador.
WEG (WEGE3): Não para, não para, não para…
Após um rali de quase 50% da ação em 2024, a WEG (WEGE3) tinha um trabalho difícil de surpreender os céticos ao divulgar os resultados do terceiro trimestre.
Porém, com lucro de R$ 1,57 bilhões (+20,4% ano a ano), foi exatamente o que fez a fabricante de motores elétricos, transformadores, geradores e tintas.
O BTG Pactual, por exemplo, elevou a recomendação de WEGE3 para compra.
“Decidimos fazer um mea culpa ao reconhecer que nossas preocupações quando rebaixamos as ações desapareceram”, escreveu o BTG após o balanço da WEG.
Temporada de balanços: a verdade da Vale (VALE3) está lá fora
A Vale (VALE3) divulgou lucro e resultado operacional acima das expectativas de analistas.
Mais do que isso, a mineradora mostrou uma boa dinâmica de custos. Ainda, a apresentação de um acordo para o caso Mariana tirou uma preocupação do radar.
Antes disso, a companhia também já tinha apresentado dados operacionais acima das previsões do mercado.
Em relatórios, analistas elogiaram os resultados. Itaú BBA, Santander e Goldman Sachs reiteraram recomendação de compra para VALE3.
No entanto, isso tudo foi insuficiente para segurar o otimismo por muito tempo.
Isso porque a China, maior mercado da Vale, seguiu mandando sinais preocupantes de atividade econômica.
Com isso, a ação já acumula perda superior a 20% em 2024.
Bradesco (BBDC4): tá bom, mas tá ruim
Assim como o rival Santander, o Bradesco divulgou lucro melhor do que o esperado.
Além disso, o presidente-executivo, Marcelo Noronha, sinalizou que o lucro acumulado de 2024 deve vir acima da própria previsão.
O Bradesco (BBDC4) teve lucro líquido de R$ 5,22 bilhões de julho a setembro, levemente acima da projeção do mercado.
Apesar disso, a reação não foi boa e BBDC4 fechou em queda de 4,4%.
Em relatório, o BTG Pactual ponderou que a perspectiva mais desafiadora para o crescimento das receitas com crédito, dado o aperto dos spreads de empréstimos, “pode decepcionar aqueles que esperam uma recuperação mais rápida do ROE”.
Itaú Unibanco (ITUB4): outro trimestre em grande forma
O Itaú Unibanco (ITUB4) anunciou lucro recorrente de R$ 10,7 bilhões, aumento de 18,1% ante mesma etapa de 2023.
O número superou a previsão média de analistas para o período, de R$ 10,37 bilhões.
Além disso, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) chegou a 22,7%, aumento de 1,6 ponto percentual ano a ano.
Além de crescer a carteira de crédito em 10%, o Itaú melhorou a qualidade dos ativos, com o índice de inadimplência acima de 90 dias caindo de 3% para 2,6%.
Assim, diferente dos rivais Santander e Bradesco, o Itaú viu suas ações subirem após o balanço.
O banco ainda elevou a previsão de crescimento da carteira de crédito em 2024.
Por fim, o CEO, Milton Maluhy Filho, sinalizou que o Itaú pretende pagar mais de R$ 11 bilhões em dividendo extraordinário referente a 2024.
Localiza (RENT3): surpresa!
A Localiza (RENT3) teve lucro líquido de R$ 812 milhões, superando em 19% as expectativas do mercado.
Consequentemente, as ações disparam 6% na B3.
Para o BTG Pactual, a margem de retorno sobre capital investido (ROIC) positiva, revertendo a queda do trimestre anterior, foi o grande destaque.
E o Safra considerou que o aumento da receita em aluguel de carros e gestão de frotas contribuiu para o resultado acima do esperado.
Petrobras (PETR4): todos os olhos no dividendo extraordinário
A Petrobras teve lucro líquido de R$ 32,55 bilhões no trimestre, alta de 22,3% em comparação com o mesmo período de 2023.
Além disso, a companhia anunciou o pagamento de remuneração ordinária aos acionistas no valor de R$ 17,1 bilhões, um pouco acima do esperado por analistas.
Além disso, executivos da Petrobras sinalizaram que a companhia pode pagar ainda neste ano um aguardado dividendo extra.
A empresa não informou de quanto deve ser esse provento.
Porém, a XP calculou que esse dividendo extra pode ser de até US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 26 bilhões).
Temporada de balanços: Mercado Livre (MELI34) decepcionou
No dia 7 de novembro, as ações do Mercado Livre (MELI34) fecharam em queda de 16% na Nasdaq.
Isso um dia após a gigante do comércio eletrônico anunciar lucro de U$ 397 milhões de julho a setembro, contra expectativa média de analistas de US$ 542 milhões.
Isso, mesmo com a receita líquida de US$ 5,3 bilhões crescendo 35% ano a ano, em linha com as expectativas.
Com a frustração, a ação corrigiu parte da valorização de 35% em 2024, perdendo cerca de US$ 17,4 bilhões em valor de mercado em um só dia.
A pressão sobre as margens de lucro refletiu sobretudo maiores investimentos para fortalecer as operações de crédito e a estrutura logística.
O Goldman Sachs chamou a queda nas margens da companhia de “notável” e previu recálculo nas previsões de lucros dos próximos trimestres.
Banco do Brasil (BBAS3): chuva de recuperação judicial no agro
O BB reportou lucro recorrente de R$ 9,5 bilhões no trimestre, aumento de 8,3% ano a ano e em linha com as projeções de analistas.
Contudo, as atenções do mercado se concentraram no índice de inadimplência acima de 90 dias, que atingiu 3,3% no período, ante 2,81% um ano antes.
A pressão veio sobretudo do agronegócio, setor que representa aproximadamente um terço da carteira total do crédito do banco, de R$ 1,2 trilhão.
Executivos do BB contaram que centenas de produtores do agronegócio no Centro-Oeste do país pediram recuperação judicial.
Nubank: o roxo saiu de moda?
As ações do Nubank (ROXO34) desabaram, após o banco digital divulgar um conjunto que analistas consideraram misto.
O banco digital reportou lucro líquido de US$ 553,4 milhões no trimestre, alta de 82,6% sobre um ano antes.
Contudo, analistas viram com preocupação algumas linhas do balanço, como o aumento do índice de inadimplência.
O Itaú BBA se disse surpreso com a desaceleração na receita do Nubank por cliente e cortou a recomendação da ação.
A XP elogiou, mas fez ressalvas. Na ponta contrária, o Goldman Sachs não só manteve recomendação de compra, como elevou o preço-alvo.
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