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Queimadas no Brasil afetam sucroalcooleiras na bolsa; entenda quais são os desdobramentos
Empresas citadas na reportagem:
As empresas do agronegócio ligadas ao cultivo de cana-de-açúcar e produção de etanol lideram altas na bolsa de valores nesta segunda-feira (26). Isso após registros de queimadas no Brasil na última sexta-feira (23) e no sábado. Por aqui, nos índices da Bovespa, as ações de empresas do setor como Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) registraram alta. A principal desta segunda é a São Martinho (SMTO3), com avanço de 4,60% na bolsa de valores.
De acordo com especialistas, os incêndios, a maioria em São Paulo, causaram uma disparada no preço do açúcar e etanol no mercado internacional. Por um lado, se os incêndios podem levar ações a subirem por aumento na demanda de cana-de-açúcar, por outro devem resultar em perda de produção e impactar a safra.
Como as queimadas em São Paulo afetam o agronegócio?
Dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam novo recorde em focos de incêndio no Estado de São Paulo em 2024. O número de registros de queimadas saltou de 499 em julho para 3.482 somente neste mês.
Assim, a região de concentração das queimadas é o interior norte do Estado, um dos principais cinturões de produção de cana-de-açúcar do Brasil. É nele que a São Martinho possui 65% de suas terras próprias.
A Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) identificou mais de 2,1 mil focos de incêndio entre sexta-feira e sábado, provocando a queima de cerca de 59 mil hectares em áreas de cana-de-açúcar e de rebrota de cana.
O prejuízo aferido pela Orplana é de R$ 350 milhões a produtores.
Conforme José Guilherme Nogueira, CEO da Orplana, os incêndios devem levar a perda de 50% na produção de cana. “Com isso, já temos impactos diretos nos preços do etanol e do açúcar e no canavial do próximo ciclo”, afirma.
Por que São Martinho (SMTO3), Raízen (RAIZ4) e outras sobem?
Mesmo com as queimadas no Brasil, as empresas do setor de agronegócio que cultivam cana-de-açúcar operaram em alta na bolsa de valores nesta segunda.
No Ibovespa, além das ações da São Martinho, os papéis de Cosan (CSAN3) fecharam em alta de 0,62%, enquanto os preferenciais de Raízen (RAIZ4) acumularam ganhos de 0,92%. Fora do índice, a sucroalcooleira Jalles Machado (JALL3) subiu 2,50%.
Segundo especialistas, as ações das empresas subiram por antecipação do mercado de falta de cana-de-açúcar. O CEO da exportadora e trader Future Grain Brasil, Arley Theodoro, disse à Inteligência Financeira que as queimadas no Brasil já causam uma corrida à compra do insumo.
“A alta do preço do açúcar tem relação com as queimadas, e faz com que investidores queiram estocar cana. Se está queimando aqui (Brasil), vai faltar lá fora (exterior), e já vejo aumento grande na quantidade de pedidos de compra”, relata.
Desde a última sexta-feira, o preço do açúcar saltou até 7% na bolsa de Nova York, onde a commodity é negociada.
Preço do etanol sobe com queimadas no Brasil
Stefan Podsclan, head de Grãos da research Agrifatto, explica que, somado às queimadas, houve oscilação do preço do etanol provocada pelos incêndios.
“O mercado de etanol está sofrendo, sim, impacto”, diz Podsclan. Ainda de acordo com ele, a safra de 2024 a 2025 de cana tende a diminuir diante do que foi colhido na temporada passada, entre 2023 e 2024.
“Por essa exposição das usinas de etanol ao fogo, mais esse mercado internacional de açúcar, as ações sobem.”
Por fim, o analista da consultoria Mind, Gabriel Boente, afirma que as queimadas no Brasil podem impactar negativamente os resultados de São Martinho (SMTO3) e Raízen (RAIZ4).
Isso porque agosto é um “momento ideal de corte de safra” da cana. “É um dos picos da safra, por isso está pegando fogo muito mais fácil”, completa.
Por outro lado, as produtoras podem estocar o que foi colhido e venderem por um preço mais caro. Mas depende do tempo.
Essa é a época em que os estoques sobem porque é quando você mói cana. O grande problema é a estocagem, porque a cana precisa ser processada logo.
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