Ações da Natura: ainda vale a pena apostar na valorização de NTCO3?
Empresas citadas na reportagem:
A queda de quase 30% que as ações da Natura &Co (NTCO3) sofreram na sexta-feira (14) foi exagerada, mas reflete as incertezas e falta de confiança que os investidores têm reestruturação da empresa, diz o Bradesco BBI.
Os analistas Pedro Pinto e Lorenzo Marques escrevem que a desvalorização implica na expectativa dos investidores que as margens da companhia vão se deteriorar muito mais do que atualmente, o que não parece factível.
Eles notam que o ambiente negativo com empresas de varejo, após resultados ruins de empresas como Lojas Renner e Azzas 2154 pode ter contribuído para ampliar a desvalorização dos papéis da Natura &Co.
O banco acredita que o longo prazo da Natura &Co ainda é positivo, com foco nas operações da América Latina, mas acredita que os resultados de quarto trimestre mostram que o caminho até lá será bem mais tortuoso do que o esperado.
O Bradesco BBI tem recomendação de compra para Natura &Co, com preço-alvo em R$ 17, potencial de alta de 78,9% sobre o fechamento de sexta.
NTCO3: preço-alvo agora
O JPMorgan cortou a recomendação de Natura &Co de compra para neutra e o preço-alvo de R$ 21 para R$ 11, potencial de alta de 15,8% sobre o fechamento de sexta-feira (14).
Os analistas liderados por Joseph Giordano escrevem que os fundamentos de longo prazo da Natura &Co permanecem inalterados, com a companhia indo em direção a um foco claro e estabelecido nas operações da América Latina e venda da Avon International.
No entanto, notam que o caminho que a empresa terá que percorrer para chegar nesse patamar de equilíbrio operacional será turbulento, como aconteceu na última semana, após margens mais fracas no quarto trimestre causarem queda de 30% das ações.
“Os resultados mais fracos do que o esperado no quarto trimestre, com alguns itens não recorrentes que estão se tornando recorrentes, acabam minando a confiança que investidores têm na empresa”, comentam.
O banco prefere tomar uma posição mais cautelosa quanto à empresa neste momento, preferindo que a Natura &Co comece a entregar resultados das suas iniciativas estratégicas antes de voltar a apostar nela.
Os múltiplos das ações em 12 vezes o preço-lucro agora parece justo com outros pares da América Latina no setor de varejo, refletindo as novas estimativas e a desvalorização recente dos papéis.
Ainda vale apostar na tese de investimento?
O Itaú BBA não acredita que tenha sido exagerada a queda de quase 30% sofrida pelas ações da Natura &Co na sexta-feira (14), mas se surpreendeu pela velocidade em que os papéis se desvalorizaram após os resultados da companhia.
O banco cortou o preço-alvo das ações da companhia de R$ 17 para R$ 14 e manteve a sua indicação de compra sobre o ativo, mas afirmou que empresa precisa de resultados mais fortes para que os investidores voltem a se interessar pela sua tese de investimentos.
A atualização feita pelo Itaú BBA também inclui uma margem bruta mais volátil na América Latina, despesas mais altas e alta nos custos de transformação, o que pode levar a uma queda de até 30% nos lucros para a América Latina, para R$ 1,16 bilhão.
A expectativa do banco é que as vendas da Natura no Brasil caiam 12% no primeiro trimestre, pressionando ainda mais as margens da companhia. Com a incerteza sobre o mercado brasileiro, o Itaú BBA avalia de forma positiva a empresa ter postergado o pagamento de dividendos, para evitar o aumento da alavancagem.
Recompra de ações
Mais cedo, nesta segunda-feira, a Natura &Co anunciou que aprovou um programa de recompra de até 52.631.578 ações ordinárias, o equivalente a 3,8% do total emitido e 6,2% em circulação.
O programa terá duração de 12 meses, iniciando-se hoje e tendo data máxima de 17 de março de 2026. A companhia irá financiar a operação por meio das suas reservas de capital.
Segundo a empresa, o objetivo é maximizar a geração de valor para os acionistas por meio de uma administração eficiente de sua estrutura de capital. As ações serão mantidas em tesouraria para posterior destinação.
Considerando o preço de fechamento das ações na última sexta-feira (14), a Natura &Co terá que desembolsar cerca de R$ 500 milhões no programa de recompra de ações.
Com informações do Valor Econômico
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