Mercado se acalma com permanência de Guedes e Bolsa ameniza perdas; dólar fecha a R$ 5,628
Agentes do mercado especulavam a demissão do ministro, levando o dólar a R$ 5,75 durante o pregão
A permanência do ministro da Economia Paulo Guedes no governo de Jair Bolsonaro acalmou os investidores nesta sexta-feira (22) e levou a Bolsa de Valores a amenizar perdas na sessão.
Após cair 4,5% no pior momento do pregão, quando agentes do mercado especulavam a saída de Guedes, o Ibovespa reverteu tendência com a aparição do ministro ao lado de Bolsonaro para defender o financiamento do Auxílio Brasil via mudanças na correção inflacionária do teto de gastos e atrasos no pagamento de dívidas judiciais, previstas na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios.
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O principal índice acionário do Brasil terminou o dia em queda de 1,34%, a 106.296 pontos. Na semana, o Ibovespa acumulou desvalorização de 7,19%.
O dólar também se estressou com o risco político e fiscal ao longo do dia e chegou a subir para R$ 5,7545 na máxima. Com o alívio do mercado, a moeda reverteu tendência e fechou em queda de 0,65%, a R$ 5,6282. O dólar turismo está a R$ 5,803. Em alguns bancos e casas de câmbio, é vendido acima de R$ 6. Na semana, a moeda subiu 3,22%.
Em seu pronunciamento na tarde desta sexta, Guedes disse que defendeu o teto de gastos e a responsabilidade fiscal até o último momento, mas que a vontade do presidente de um pagamento mínimo de R$ 400 prevaleceu. “Não vamos ‘tirar 10’ em política fiscal e zero em política social. Preferimos tirar ‘8’ em fiscal, em vez de ‘10’, e atender os mais frágeis” disse.
O ministro apontou que, com a piora do quadro fiscal, os juros devem subir mais, o que beneficia ativos de renda fixa. A previsão do mercado no momento é de uma Selic de 8,25% ao fim de 2021 e de 8,75% em 2022.
Nesta semana, os ativos brasileiros registraram fortes oscilações em reação aos possíveis rumos do substituto do Bolsa Família, que terá um valor bem acima da média do atual programa até dezembro de 2022, ano eleitoral.
A preocupação de investidores é com a saúde fiscal do país. O aumento de gastos por parte do governo em uma velocidade maior que o aumento da arrecadação pode deteriora a imagem do Brasil, pois passa uma mensagem de gastos desenfreados e falta de compromisso em pagar as contas. Tal cenário tende a afugentar investimentos, aumentar o custo de dívida, desvalorizar o real e demais ativos brasileiros e desacelerar a economia.
Guedes também anunciou hoje o substituto de Bruno Funchal, um dos quatro secretários que deixaram o governo em desacordo à manobra fiscal para bancar o Auxílio de R$ 400, criticada por especialistas em contas públicas e chamada de contabilidade criativa.