JBS (JBSS3): Por que a Seara é o destaque do salto de mais de 2.800% no lucro da gigante de proteína animal

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O mercado financeiro destacou o enorme salto 2.806% no lucro líquido da JBS (JBSS3) no quarto trimestre de 2024, de R$ 83 milhões em igual período de 2023, para R$ 2,412 bilhões.
O holofote dos analistas, contudo, volta-se para a divisão de aves e carne de porco do frigorífico brasileiro, com a maior surpresa positiva do resultado sendo a força da Seara nos números da companhia dos irmãos Batista.
Para 2025, analistas esperam que a ação destrave valor principalmente por meio do processo de dupla listagem nos Estados Unidos, enquanto o dividendo deve agradar investidores no curto prazo. É o que dizem Itaú BBA e Banco Safra em relatórios.
Seara surpreende com aumento de receita e brilha na JBS (JBSS3)
Mesmo com salto em lucro, o balanço da JBS veio em linha com as expectativas de analistas do mercado financeiro. Inclusive, algumas partes da operação do frigorífico brasileiro chegaram a decepcionar.
Não foi o caso da Seara, contudo. A marca registrou aumento de 366% na receita operacional no quarto trimestre de 2024 em relação ao mesmo período de 2023. A divisão de frangos e suínos brasileira brilhou com alta de receitas impulsionada por uma balança comercial mais favorável para esses tipos de proteína entre setembro e dezembro.
A lucratividade da operação da Seara superou expectativas do Itaú BBA em 8%. A margem operacional cresceu dentro das expectativas, mas os analistas do banco “não veem sinais de reversão por enquanto”.
“Notamos que, por enquanto, o ciclo global de proteína de frango permanece firme”, disseram analistas em relatório.
Para o BTG, o segmento de aves “segue sendo o motor dos resultados” da JBS (JBSS3). O banco conta que margens da Seara “permanecem historicamente elevadas”. Inclusive em contraponto às margens da JBS Brasil, que opera marcas de carne bovina e cuja margem recuou de 11,6% para 5,6%.
A Seara é o que mantém o Citi otimista com futuros resultados. Na visão do banco de investimentos, a operação da marca deve permanecer com margens atuais.
“A performance robusta de Seara e Pilgrim’s Pride entre desafios de mercado de frango mostram a resiliência da JBS”, afirmaram Renata Cabral e Lucas Harduim, do Citi. Nesse sentido, a Seara pode compensar um ciclo do gado mais desfavorável nos EUA previsto para 2025.
2025 não será como 2024 para JBS, diz BTG Pactual
XP Investimentos e BTG Pactual frisaram ressalvas com os resultados da JBS e tendência que, na visão de analistas, podem ser negativas para este ano.
“As ações da JBS subiram 57% em 2024, impulsionadas por fortes revisões de lucro. No início do ano, o consenso projetava R$ 23 bilhões de EBITDA; a companhia entregou quase o dobro: R$ 39 bilhões”, disse o BTG em relatório.
“Não esperamos esse mesmo nível de surpresa em 2025. O mercado, atualmente, projeta R$ 37 bilhões; nossa estimativa é de R$ 35,4 bilhões”, complementaram analistas do banco.
O que pode destravar mais valor nas ações da JBS segundo o BTG é o processo de dupla listagem na bolsa de nova York. O potencial de reprecificação da JBS leva o banco a manter a recomendação de compra para os papéis do frigorífico (JBSS3).
“Em nossa visão, ainda há espaço para valorização.”
Já na visão da XP, a JBS pode sofrer uma reprecificação negativa de operações de alguns países após o resultado financeiro no quarto trimestre.
A JBS do Brasil e da Austrália registraram margens menores.
“Em nossa opinião, os resultados mais fracos do que o esperado da Austrália e da JBS Brasil podem levar a uma revisão negativa dos lucros para ambas”, diz a XP Investimentos.
As ações da JBS (JBSS3) caem 3% no Ibovespa em reação aos números apresentados nesta terça-feira (26).
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