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Ibovespa acima dos 130 mil pontos? Veja como ficam as projeções após onda de otimismo
Nas últimas semanas, a bolsa de valores foi beneficiada por uma onda de otimismo, com o Ibovespa saltando para perto dos 130 mil pontos. Com isso, alguns agentes refizeram suas projeções. Entre os consultados pela Inteligência Financeira, o Ibovespa acima dos 130 mil pontos para 2024 segue como principal aposta.
Fábio Perina, estrategista de investimento em ações do Itaú BBA, ressalta que o Ibovespa encontrará suportes em 125.400 e 123.300 pontos, “patamar que mantém o índice em tendência de alta no curto prazo”. Assim, o Ibovespa acima dos 130 mil pontos pode estar bem encaminhado.
Com o número elevado de ações acionando ponto de compra, segundo análise do BBA, o investidor agora precisará buscar o equilíbrio entre aumentar o apetite ao risco com cautela e a evolução dos ativos em carteira.
“Em nossa opinião, as small caps dos setores de consumo e construção civil podem oferecer maiores potenciais”, complementa o estrategista.
Projeções: agentes acreditam em Ibovespa acima de 130 mil pontos
Instituição | Alvo atual | Alvo anterior | Destaque da análise | Ponderação |
Itaú BBA | 150 mil | 150 mil | Small caps de consumo e construção civil podem oferecer ganhos potenciais | Patamar máximo pode não vir em 2024 |
Santander Corretora | 145 mil | 160 mil | Contingenciamento de R$ 15 bilhões melhorou os ânimos | Recuperação recente do IBOV não foi acompanhada de elevação dos volumes negociados |
Guide | 140 mil | 155 mil | Dinâmica dos lucros no Brasil tem sido positiva em 2024 | Selic mais alta e aumento do risco fiscal |
Nova Futura | 140 mil | 140 mil | Índice P/L do Ibovespa está bem abaixo de sua média histórica | Mudanças nas projeções para a política monetária, especialmente nos EUA |
Melhora recente
Análise da Nova Futura apontou “uma clara rejeição da região de 120 mil pontos como ponto de inflexão”.
A corretora mantém projeção acima dos 130 mil pontos. Ou seja, a queda do primeiro semestre foi pontual e a tendência para o final do ano é de alta consistente. Assim, “o mercado se prepara para uma mudança de direção significativa”.
Para a Santander Corretora, um dos eventos que contribuiu para a melhora recente foram os dados de inflação ao consumidor em junho, melhores que o esperado, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Com isso, houve aumento das chances de o Fed iniciar os cortes de juros “em breve”, segundo a corretora.
Além disso, o compromisso do governo federal quanto ao atingimento da meta de resultado primário neste ano, que foi corroborada na última quinta-feira (18) com o anúncio de um contingenciamento de R$ 15 bilhões, também melhorou os ânimos.
A Guide destaca que a dinâmica dos lucros no Brasil tem sido positiva em 2024.
Apesar de alguns resultados fracos em grandes empresas do índice, como Vale e Bradesco, “as projeções para o lucro do Ibovespa como um todo segue em alta”, avalia Fernando Siqueira, head de research da Guide.
“Esta tendência deve ser mantida em 2024 e 2025”, acrescenta Siqueira.
Preço-alvo do Ibovespa atualizado
Por outro lado, a Santander Corretora reduziu o preço-alvo para o Ibovespa, “apesar do viés construtivo”. Agora, a expectativa é de 145 mil pontos contra os 160 mil esperados inicialmente, “incorporando um cenário de taxas de juros (reais e nominais) altas por mais tempo”, avaliam os estrategistas.
Para o BBA, até o final do ano, a tendência segue de alta e o Ibovespa pode chegar a 150 mil pontos no longo prazo se, nos próximos meses, superar a zona de resistência entre 130 mil e 131,7 mil pontos. “A superação dessa região poderá disparar uma nova onda de otimismo no mercado”, avalia Perina.
Na avaliação de Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, um possível cenário de redução das taxas de juros nos Estados Unidos poderia estimular investidores a buscar mercados emergentes como o Brasil em busca de retornos mais atrativos.
“Isso poderia resultar em um aumento significativo de capital estrangeiro no mercado brasileiro, beneficiando as ações locais e impulsionando o Ibovespa para níveis próximos de 140 mil pontos até o final de 2024”, diz Silva.
A Guide também aponta 140 mil pontos como preço-alvo agora. Anteriormente, a corretora tinha projeção de 155 mil. A justificativa para essa correção é “a deterioração do cenário macroeconômico no Brasil, incluindo principalmente a Selic mais alta e o aumento do endividamento e risco fiscal do país, que deve continuar afugentando investidores”, diz Siqueira.
Valuation e atratividade dos ativos brasileiros
Além disso, o valuation da bolsa brasileira, ainda descontado, é ponto positivo, com o IBOV “negociando a um desvio padrão abaixo da média histórica de 15 anos”. A avaliação é de Ricardo Peretti e Alice Corrêa, estrategistas de ações da Santander Corretora.
Silva também destaca que o índice P/L do Ibovespa o coloca em posição de atratividade. “Esses sinais podem influenciar positivamente as expectativas de recuperação do mercado de ações brasileiro”.
Para os analistas da Santander Corretora, o pior em termos de desempenho das empresas brasileiras já passou. Isso depois de o lucro cair cerca de 20%, na média, em 2023. Agora, a expectativa é de lucro por ação em recuperação, crescendo perto de 15% ao final de 2024.
Por fim, “os maiores hedge funds do Brasil ainda não estão significativamente alocados em ações”, segundo o Santander. E o posicionamento nos ativos de risco brasileiros pode acontecer de maneira mais intensa nos próximos meses.
Limitações para um Ibovespa acima dos 130 mil pontos
Por outro lado, a recuperação recente do Ibovespa não foi acompanhada de elevação dos volumes negociados. Assim, pode haver “apenas uma reversão técnica, e não uma guinada estrutural”. A avaliação é de Ricardo Peretti e Alice Corrêa, estrategistas de ações da Santander Corretora.
A Guide diz que revisou as projeções de lucro do Ibovespa para cima, mas está trabalhando com a ideia de que o Ibovespa irá continuar negociando a múltiplos baixos por mais tempo.
“Com a queda menor que a esperada da Selic e endividamento crescente do governo, o espaço para que o fluxo migre para o mercado de ações no curto prazo é baixo”. O destaque é de Siqueira, da Guide.
“Além disso, a queda nos juros no exterior, particularmente nos Estados Unidos, deve ocorrer bem mais tarde do que projetávamos”, acrescenta.
O que pode melhorar ou piorar o cenário?
Para o Santander, do lado doméstico, o principal catalisador é o risco fiscal. Assim, “o cumprimento da meta fiscal de 2024 poderia resultar numa percepção mais positiva para investidores locais e estrangeiros”.
Dessa maneira, pode haver reflexos positivos para bolsa, câmbio e curva de juros no Brasil.
Por outro lado, no âmbito internacional, o início do ciclo de afrouxamento monetário pelo Fed é o principal ponto de atenção.
Assim, “taxas de juros mais baixas nos Estados Unidos poderia desencadear maior apetite ao risco. Isso impulsionaria também maiores fluxos estrangeiros”.
Atualmente, os fluxos estrangeiros acumulam vendas líquidas de R$ 36,9 bilhões em 2024 no mercado secundário da B3. Os dados são de 16 de julho.
O resultado das eleições presidenciais norte-americanas, contudo, pode conturbar esse cenário.
A depender das novas políticas protecionistas e do relaxamento fiscal proposto pelo presidente eleito, as expectativas de inflação nos Estados Unidos poderiam voltar a se deteriorar. Assim, estaria reduzida também a chance de o Fed cortar juros no fim deste ano ou no início de 2025.
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