Expectativa de inflação subiu e Selic parou de cair? Veja qual ação vale investir ou descartar

Confira quais ações costumam subir ou cair em períodos de aumento das expectativas de inflação

Com os sinais de que a Selic não deve mais cair quanto se esperava em 2024, o investidor deve olhar para o passado e identificar quais ações resistem melhor a períodos de expectativa de inflação pressionada, recomendou o Santander nesta segunda-feira (3).

Neste sentido, a equipe de análise do banco de investimentos recomendou papéis de bancos, de prestadoras de serviços públicos e de commodities como portos seguros.

Quisemos “entender quais setores do Ibovespa poderão ser mais impactados por expectativas não ancoradas”, afirmou o time liderado por Aline Cardoso no documento.

Assim, segundo eles, o histórico mostra que as chamadas empresas de materiais básicos têm a correlação mais positiva com a inflação de equilíbrio.

Ou seja: são o setor que tem mais tendência a se valorizar em períodos de inflação mais alta.

“Isto pode estar relacionado com os efeitos da desancoragem das expectativas de inflação na taxa de câmbio”, afirma o relatório.

Empresas de materiais básicos, no caso, são exportadoras de commodities, como minério de ferro ou petróleo.

Em outras palavras, principalmente Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3).

Por um lado, argumentou o Santander, períodos de expectativa de inflação mais alta costuma resultar em valorização do dólar contra o real, o que favorece exportadoras.

É o que vem acontecendo nas últimas semanas. Nesta segunda-feira, o dólar era negociado por volta de R$ 5,23.

Adicionalmente, afirma o documento, essas empresas são menos sensíveis ao ambiente macroeconômico do país, o que tende a ser a preferência dos investidores nestes momentos.

Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) mantidas, apesar de tudo

Para o Santander, apesar do recente fluxo de notícias envolvendo Petrobras, eventuais efeitos da troca de comando da empresa podem demorar para impactar a empresa.

Após atingir máxima de R$ 41,67 em 9 de maio, PETR4 acumula desde então queda de cerca de 7%.

No caso de Vale, Aline e equipe avaliam que os preços mais elevados para o minério de ferro por mais tempo, o aumento da produção global de aço e o potencial pagamento de dividendos extraordinários da mineradora justificam a aposta contrária à média do mercado.

Além disso, dado o risco de piora da economia dos Estados Unidos, a ação da Vale poderia funcionar como uma proteção, ponderaram os estrategistas.

‘Utilities’ também são proteções contra inflação alta

Ações de prestadoras de serviços públicos, ou utilities no jargão do mercado, também são um porto seguro por terem receitas estáveis, frequentemente corrigidas pela inflação.

Neste grupo estão distribuidoras de energia elétrica, empresas de saneamento básico e administradoras de estradas, aeroportos e mobilidade urbana.

Assim como o setor de material básico, ações de empresas utilities também avançam em períodos de expectativa de alta da inflação.

Em 8 de maio, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu reduzir a Selic em 0,25 ponto, a 10,50% ao ano.

A expectativa média do mercado, que era de a taxa cair a 9% no fim de 2024, agora gira ao redor de 10% a 10,5%.

Isso reflete em parte a expectativa de inflação mais alta à frente. Em fevereiro, a pesquisa Focus com projeções de mercado indicava IPCA em 3,5% ao final de 2025.

Agora, essa expectativa subiu para 3,77%, segundo o último Boletim Focus, desta segunda-feira. A previsão do Santander é de 3,8%.

Varejo, construtoras e bancos perdem com inflação alta

Segundo o levantamento do Santander, ações do setor imobiliário são as que mais perdem em período de aumento de preços.

Em seguida, vem os setores de varejo, financeiro e as small caps, empresas médias.

“As empresas nestes setores estão mais dependentes das condições econômicas e tendem a ser mais vulneráveis ​​quando as expectativas inflação não estão ancoradas”, concluiu o Santander.

Confira o desempenho setorial em períodos de expectativa de aumento da inflação no Brasil, segundo o Santander.

Índice Desempenho
Setor imobiliário (IMOB)-55,4%
Consumo (ICON)-42%
Setor Financeiro (IFNC)-22,4%
Small caps (SMLL)-14,6%
Ibovespa (IBOV)+2,1%
Utilities (BZUTIL)+12,4%
Indústria (INDX)+12,6%
Materiais básicos (IMAT)+32,3%
Fonte: Santander e Bloomberg, com dados de junho de 2016 a maio de 2024